Nada contra quem aprecia e gosta de cair na gandaia no período de carnaval. Aliás, tenho grande apreço pelas raras pessoas que ainda curtem os sambas, as marchinhas e os maracatus, símbolos originais da verdadeira folia.
Mas é deprimente constatar como uma festa tão bonita se degringolou nos últimos tempos.
Axé, sertanejos, funks e forró-pornô tomaram conta da situação. Invadiram o terreno, apossaram-se dele e expulsaram os verdadeiros donos da brincadeira.
Agora, trios elétricos vomitam toneladas de decibeis pelas ruas, invadindo o sossego alheio, arrebentando os tímpanos... e tudo sob o patrocínio do Poder Público.
Mesmo com as portas fechadas, hermeticamente lacradas, isolamento acústico e tudo mais, não há jeito. Aquela voz esganida, vinda dos monstros elétricos, com os seus refrãos repetitivos e aberrantes, de 'gosto' muito duvidoso, estouram os nossos ouvidos, roubando-nos violentamente um dos bens mais valiosos, que é a tranquilidade de nosso lar.
Não dá mais. Tenho que ir pra longe desse inferno. À procura do silêncio.
Porto, aqui vou eu.
foto | paula santos