A primeira vez que visitei Milão foi para assistir a um recital de piano, no famoso Scala. E eu me senti muito pequeno diante daquele espaço imenso e bem decorado. Uma bela obra de arquitetura que me fez esquecer o pianista e sua partitura.
Não gostei do concerto, mas muito me impressionei com o teatro. Soberbo. Não que ele tocasse mal. A música que seus dedos procuravam interpretar é que era chata, dissonante, moderna demais para o meu gosto. Assim mesmo o rapaz voltou umas três vezes ao palco para agradecer os aplausos. Teatro lotado. Lá de cima meus olhos se derramavam para baixo. Aí eu vi como o europeu é fascinado pela música erudita, o que não é de surpreender, pois estávamos numa imensa e velha cidade italiana. E a Itália foi quem ensinou música ao mundo. A música está até no idioma italiano. É agradável ouvir o italiano falar. Quanta diferença da dureza do idioma inglês, que hoje domina completamente o mundo. O inglês não é uma língua musical. E daí os Estados Unidos serem pobres em compositores clássicos.
Para ser franco, em matéria de música erudita, excluída a Itália, só temos dois países: a Alemanha, esta inexcedível, e a Rússia. Mas a Alemanha é a grande líder. Com João Sebastião Bach, Beethoven e Brahms, o que mais você quer? Mas não esqueçamos os pequenos países que nos deram grandes gênios, a exemplo da Polônia com Chopin, da Finlândia com Sibelius, da Noruega com Grieg.
Mas vamos adiante, estaria comentando uma injustiça se me esquecesse de dar o quarto lugar à França, com o seu Ravel (ah aquele Bolero!), Debussy, Saint Saens, com seus extraordinários concertos para piano, e por último o respeitável e grandioso Berlioz, cuja Sinfonia Fantástica mexe muito com a minha sensibilidade. Dela saio sempre com outro astral.
Mas vamos terminar a crônica, voltando a Milão e sua arquitetura, e lembrar que Goethe disse que “Arquitetura é música petrificada”.
E nós brasileiros? O seu genial compositor, tão respeitado na Europa é, sem favor, Heitor Villa Lobos, com uma que música reflete toda a nossa riqueza ecológica.
E você quer ver uma extraordinária sinfonia de pedras? Venha visitar a grandiosa Catedral de Milão. Enquanto eu penetrava na sua nave silenciosa, a imaginação me levava à manjedoura de Belém, onde Jesus dormia num berço de palha com o rosto iluminado por uma estrela.
E não é que na minha viagem a Palestina,eu vi o local,onde fora a manjedoura?No local uma enorme pedra e muita gente orando.Não vi Jesus ali. Muitas velas,muitas orações,muito choro me distanciavam Dele...