Não digo que o impossível acontece, mas o inédito, sim. Ora, vejam só... Pai e filho lançando livros! É o que vai acontecer, no próximo dia 7, aqui em Tambaú, lá no alto do Hotel Litoral, com a vista do mar aos pés.
O pai aumentando sua bibliografia, que já está ficando gorda, e o filho, que é arquiteto, a se inaugurar como escritor. E eu não sei onde esse menino achou tempo para isso, ele com mil projetos na cabeça. Projetos que se transformam em casas e edifícios, que ele sempre adorou a aventura, às alturas, tanto é assim, que, com quatro anos, pediu aos pais para subir sozinho numa roda-gigante. Um nadinha de gente, lá no alto, numa cadeira móvel, e se surpreendendo com a beleza da cidade, lá embaixo. Será que foi daí que nasceu a idéia para a arquitetura, de que é, hoje, mestre?
Muito jovem ainda e já sabendo o que queria na vida. Quis ser arquiteto e pronto. Não pensou se a profissão ia dar dinheiro ou não. A vocação para ele estava em primeiro lugar. E começou a debutar na carreira com muita garra.
Os altos edifícios que saíram de seus projetos lembravam a roda-gigante de seu tempo de menino. Lembrar que ele traz nas veias a herança do avô Clodoaldo Gouveia, arquiteto que mudou a fisionomia da nossa capital.
Mas, realizado na profissão, em pouco tempo, pois não é que ele achou de exercer concomitantemente, outra atividade? Sim, ele quis também ser jornalista, escritor, e haja crônicas e artigos nos jornais. Pois não é que o menino também revelou o seu talento para as letras? Transformou-se, num arquiteto de idéias. Dotado de uma invulgar perspicácia e objetividade, ei-lo a debater problemas de sentido social e humano. Um verdadeiro Dom Quixote lutando contra os moinhos de vento. E dentro dessa objetividade, não faltou o lirismo, que, nas suas andanças pela areia das praias, entoa um hino à Natureza, que para ele é o verdadeiro templo de Deus. Daí o amor aos animais, amor até a uma "maria-farinha" que corre pela areia da praia com medo dos homens...
Um profundo humanista, esse jovem arquiteto, que está completando, este ano, trinta anos de carreira, é agora meu colega. Vai se tornar autor de livros. E o primeiro livro dele intitula-se Bazar de Sonhos, titulo sugestivo que dá bem a medida do seu conteúdo.
Livro é filho. E livro de filho é neto para o pai, que se sente muito honrado com esse acontecimento, de caráter familiar e cultural.
"Bazar de sonhos" de mãos dadas com "Viajar é sonhar acordado". E ambos sempre viajando juntos.
O menino que teve a coragem de subir numa roda-gigante, experimentou outras subidas e vai se dando muito bem, pois ele só tem medo de uma coisa. Medo de ter medo.
Gratificante, muito gratificante mesmo esse evento que se aproxima quando pai e filho estarão cada vez mais unidos. Ambos viciados em viagem, cujos pés já pisaram muitos chãos, cujos olhos já viram muita coisa, cujos corações já sofreram grandes emoções.
Mas a grande viagem é a viagem nossa de cada dia. Estamos sempre procurando novas experiências, novas emoções. E são as experiências que fortificam o espírito, dando-lhe sabedoria;
É preciso, vez por outra, sair da rotina para a aventura. Seja viajando, seja lendo, seja sonhando. A rotina, a mesmice asfixiam.
Somos viajantes do tempo. E agora estou me lembrando do meu primeiro livro A Dança do Tempo. Já faz tempo, e nesse tempo o menino não pensava em ser arquiteto, nem escritor. Nesse tempo ele era arquiteto de aventuras, de astúcias.
Um menino louro, ao lado do irmão moreno, que tem nome do pai, o hoje Phd em Física, Carlos Romero Filho. E aqui uma confissão, o menino louro, meu galego de estimação, só levou uma palmada na vida, foi quando, um dia, não queria ir para a escola. Palmada, que eu acho que ainda hoje está doendo. Basta de confissões e vamos aos lançamentos.