Quem inventou o cigarro, como se sabe, não foi um homem culto, inteligente, mas, pelo contrário, esse negócio de chupar e soprar nicotina partiu do selvagem. E um tal de Nicot (daí vem o nome nicotina) achou engraçado aquele chupar de fumaça e depois soltá-la no ar e saiu espalhando.
Um alcoólatra se contamina sozinho. O fumante, não. A fumaça que engole, também é engolida pelos outros.
A verdade é que a invenção do índio ignorante terminou se tornando moda na civilizada Europa. E houve até quem achasse elegante o novo vício. Aspirar a fumaça e depois soltá-la. Que coisa engraçada! Coisa do selvagem ignorante , mas depois adotada pelo homem civilizado.
E lembrar que eu fui um fumante inveterado, que achei bonito soltar a fumaça no ar. E me advertiam:cuidado, fume mas não trague. Tragar é engolir a fumaça. Cheguei até a entrar no mar e no banheiro com um cigarro na boca. Foi o tempo em que, no cinema, Humprey Bogart dava as tragadas com muita elegância. O cinema foi um grande propagandista do cigarro. A coisa se tornou moda. Acontece que naquela época pouco ou nada se sabia sobre os males do fumo. O fumante não imaginava que seus pulmões estavam apodrecendo como veneno da nicotina.
Minha avó Quininha fumava. Fumava segurando o cigarro por um grampo, para não sujar as mãos. É que o cigarro fede como o diabo.
Fumei, leitor. Fumei muito, até que, um dia, justamente na praia, uma bruta taquicardia quase que me botava o coração fora. Era o organismo pedindo um basta. Olhei a praia, o coqueiral, o céu azul, o mar, e tive medo de morrer, deixando tanta beleza lá fora. Daí em diante, com muito sacrifício, larguei o vício para sempre. E fiquei enjoando o cigarro e lamentando não haver deixado o fedorento e venenoso vício há mais tempo. Anos depois, tirei uma radiografia dos pulmões e, por incrível que pareça, ainda restavam resquícios de um enfisema, que é pus nos pulmões, que horror! Que diga a Drª Eliáurea.
Fumar é uma desgraça, leitor. Deixe esse vicio enquanto é tempo. Quando eu deixei de fumar, tudo ficou uma maravilha. Senti o aroma das flores. O olfato purificou-se, o apetite voltou.
Pelo amor de Deus deixe esse vicio do selvagem, ignorante. Lembre-se de sua responsabilidade perante essa maravilhosa máquina, que o homem faz, essa divina máquina que Deus criou: o nosso corpo. Não envenene-o nem como fumo, nem com álcool. São hábitos antinaturais, conseguintemente, prejudiciais.
Estou me lembrando agora de um fato ocorrido num aeroporto estrangeiro. Numa sala rigorosamente fechada, numerosos fumantes estavam ali, trancados, fumando, pois era terminantemente proibido fumar fora. Olhei-os com profunda piedade. Cigarro, nunca mais.
Respire oxigênio, esse maravilhoso alimento, jamais o veneno da nicotina.