Uma coisa que a gente faz a todo o momento, além de respirar, é julgar os outros. Não só os outros, mas também as instituições e os acontec...

O tribunal da consciência

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Uma coisa que a gente faz a todo o momento, além de respirar, é julgar os outros. Não só os outros, mas também as instituições e os acontecimentos. É muito raro, numa conversa, não surgir uma referência a terceiros, algumas delas de caráter negativo.

Somos Juízes e não sabemos. O pior é que somos juízes sem provas. Nisso diferimos daqueles julgadores que dão solução às causas jurídicas depois de um longo processo, depois de acurado exame de provas, depois de uma profunda reflexão.

Jesus fez aquela advertência que está no Sermão da Montanha: “não julgueis para não serdes julgados, porque com a medida com que julgardes sereis julgados”. Sentença dura. Nela está expressa a chamada lei de causa e efeito. Tudo que semeamos, colheremos depois. É a tal coisa: a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

A liberdade, portanto, está na escolha. Depois dela vem a responsabilidade dos atos semeados.

O cristo nunca fez nenhum julgamento. Quando a mulher adultera, apanhada em flagrante delito, lhe foi apresentada, qual a sua atitude? Mandou que se cumprisse a lei, com a punição do apedrejamento? O dilema era difícil. Se ele mandasse que a lei fosse cumprida, estava contrariando outra lei: a do amor e da caridade, que tanto pregava. Se pelo contrário aconselhasse o não apedrejamento, tal atitude implicaria na desobediência à lei de Moisés. Mas ele soube muito bem encontrar a solução para a questão. Apenas disse: “aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra”. Não julgou. Cada um de seus acusadores que julgassem a si mesmos. Nenhum deles teve força para apanhar uma pedra. Todos eram culpados.

E a gente vive julgando a todo instante, como se não tivéssemos faltas. Julgando muitas vezes por ouvir dizer. Vendo argueiro no olho do vizinho e esquecendo a trave em nossos olhos.

Não julgueis para não serdes julgados. Coloque esta sentença na cabeça. Ao invés de julgar os outros, julguemos a nós mesmos. E não há melhor tribunal do que o da consciência. Esta, sim, é que vai nos dar o paraíso ou o inferno.

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