Dizem que o missionário Gandhi nada deixou quando morreu, a não ser um par de chinelas, óculos e um cajado. Contam ainda que, certa vez, ele foi convidado para uma reunião no Vaticano, mas a guarda do palácio não o deixou entrar, devido à sua humilde indumentária: um simples chambre. Barrado, o Mahatma sorriu e voltou para o seu país, sem nenhum protesto ou mágoa.
Esse desprendimento do extraordinário pacifista faz lembrar aquela história de um senhor muito rico que foi visitar um sábio, cuja residência quase não tinha móveis de tão pobre que era.
Diante de tanta miséria o visitante indagou, surpreso:
- Cadê os seus móveis?
A resposta do sábio veio em forma de pergunta:
- E onde estão os seus?
- Ora, ora. Eu estou aqui só de passagem - retrucou o milionário.
- E eu também. Estou aqui apenas de passagem. - respondeu o sábio.
Todos nós aqui no mundo estamos só passando uma temporada. Não somos proprietários de nada. Até o corpo que usamos se desfaz depois que morremos. Somos usufrutuários e não donos.
O abnegado Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, certa vez falou sobre sua "fortuna": “Partirei desta vida sem um níquel sequer... Tudo que veio a mim em matéria de dinheiro simplesmente passou por minhas mãos. Graças a Deus, a aposentadoria dá para os meus remédios... Roupas?! Os amigos, quando acho que estou mal vestido, me doam... Sapatos, eu custo a gastar um par... Em casa a nossa comida é simples... Não tenho conta bancária, talão de cheques, nenhuma propriedade em meu nome, a não ser esta casa, que eu já passei em cartório para outros, tenho apenas o seu usufruto... Nunca tive carros, nem mesmo uma carroça... De modo que, neste sentido, nada vai me pesar na consciência” (extraído do livro O Evangelho de Chico Xavier, organizado por Carlos Baccelli)
Maior indiferença às coisas materiais não é possível. Devemos lembrar que aquele espiritualista psicografou mais de 500 obras de grande sucesso, sem receber um centavo...