Discutir é brigar com palavras. É só o que a gente vê e ouve atualmente: pessoas discutindo, querendo impor seus pontos de vista, achando que estão com a verdade. Em uma contenda verbal ninguém quer perder. Aí vem o orgulho. E onde o orgulho prevalece, é muito difícil um acordo de cavalheiros.
O grande Pietro Ubaldi disse, com muito acerto: “não discutais; a convicção não se impõe com a ameaça, mas se difunde com o exemplo e o amor”. Está aí, leitor, uma recomendação que merece ser anotada na nossa mente, como um lembrete, como uma advertência.
Em matéria de religião, então, é em vão qualquer discussão. E o filósofo lembrou bem: o exemplo, este, sim, é que supera as palavras. Diante de uma pessoa embriagada de fanatismo, não adianta qualquer argumento, nem mesmo a evidência dos fatos. O fanatismo é a pior praga do mundo. É uma espécie de catarata mental. O fanático é um cego. Bem disse Jesus que o pior cego é aquele que não quer ver.
Por que deve prevalecer o meu ponto de vista, a minha opinião?Que tal se colocar na posição do outro?
Pirandelo referia-se à verdade de cada um. Sim, cada pessoa tem a sua verdade, a sua opinião formada, o seu ponto de vista firmado sobre os mais variados assuntos, e não admite a mínima abertura.
Estou me lembrando agora daquela história em que um discípulo ao sábio: “Eu não acredito em Deus. Eu sou ateu”.O sábio sorriu e falou: “Você está com a razão”. Mais adiante veio outro discípulo e objetou: “Deus existe. Disso ninguém pode duvidar. Aquele meu colega está errado”. O Sábio ouviu e disse: “Você também está com a razão”. Um terceiro discípulo que a tua assistia. Censurou o sábio:”Mas, mestre, afinal onde está sua coerência? A um o senhor declarou que tinha razão e a outro a mesma coisa. O senhor é um sábio vacilante”. O sábio escutou em silencio e concluiu sem se perturbar: ”você também está com a razão”.