Algumas expressões, quando pronunciadas, podem soar com certa aspereza e, por isto, precisam ser substituídas por outras, que assumam um ar mais agradável. Isto é o que se chama eufemismo.
Hoje, numerosas são as palavras que se tornaram mais amenas, que já não ferem os nossos ouvidos. Tudo, afinal, é a maneira de dizer e de escrever.
Narra-se que, certa vez, um poderoso monarca sonhou que lhe caiam todos os dentes. Desapontado com o sonho, o monarca tratou imediatamente de consultar os seus adivinhos. O primeiro foi logo dizendo:
– Este sonho significa que vão morrer todos os seus parentes.
O rei ficou zangado e mandou logo prender o adivinho, que foi, imediatamente, substituído por outro. Este, muito sagaz, sorriu e disse:
– Que beleza, que ventura, meu bom monarca! O sonho significa que Sua Alteza vai sobreviver a todos os parentes e herdar uma grande fortuna.
O rei ficou contente e gratificou, regiamente, o segundo adivinho.
Ora, a versão dada pelos adivinhos foi a mesma, o que mudou foi somente a maneira de dizer.
Muitas palavras, de um tempo para cá, mudaram, enquanto outras continuam com a velha vestimenta, a exemplo de “Morte”. Ainda não se encontrou uma substituta para ela. Os espíritas costumam chamar a Morte de Desencarnação. Eu prefiro usar a palavra Desenlace. É mais suave. Que acha o leitor?
Há quem diga: “Fulano partiu ou viajou”. A verdade, porém, é que a maioria ainda continua dizendo Morte. E o morto de “finado”, que horror!
Situação diversa ocorreu com as palavras “pobreza” e “pobre”, que foram substituídas por “carência” e “carente”. Vejamos outras: “idoso" substituiu a dureza da palavra "velho"; "deficiente visual" fica bem melhor do que "cego". Quem hoje se atreveria a referir-se a um doente como leproso? Ninguém. A palavra foi substituída por “Mal de Hansen”. Ficou melhor.
Pena que ainda não tenham encontrado substitutas para as palavras "sogra" e "madrasta", que soam muito mal. Mesmo que se diga "minha querida sogra" ou "minha querida madrasta", o adjetivo não consegue amenizar a aspereza que vem costumeiramente associada ao substantivo.
E eis que me chega agora a palavra: "aposentado". Haverá vocábulo mais horroroso e ridículo do que esse? O seu substituto, “inativo”, é ainda pior. Parece coisa que não presta mais, que deixou de funcionar. E viva o eufemismo!