Passada mais de uma década da assinatura do tratado para a unificação ortográfica da língua portuguesa, a nação-matriz, Portugal, embora tenha subscrito o acordo no início da década de 90, finalmente deu sua aprovação para que sejam adotadas as providências necessárias à uniformização.
Integram o acordo, além de Portugal e Brasil, os países africanos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe e o asiático Timor-Leste. A delegação da região espanhola da Galícia, onde se fala um dialeto bastante semelhante ao português, participa como órgão observador do ajuste.
Portanto, logo, logo, teremos, nos países lusófonos, a atenuação das diferenças na escrita do idioma de Camões, diferenças estas que são apontadas como o fator que mais dificulta a difusão do português nos meios de comunicação deste mundo globalizado.
Segundo a Wikipedia, no Brasil, em cerca de 0,5% das palavras haverá modificações. Estas alterações incidem, notadamente, na eliminação dos acentos em terminações -éia e -ôo, como em assembléia e enjôo, que assim serão escritas: assembleia e enjoo.
Outra regra consiste na completa eliminação do TREMA. Por exemplo: as palavras freqüência e lingüiça passarão a ser grafadas frequência e linguiça, respectivamente.
Mas são os portugueses que terão maiores alterações em sua forma de escrever. As mudanças afetarão cerca de 1,6% do vocabulário total, e as mais significativas consistirão na eliminação sistemática das consoantes c e p em palavras em que tais letras sejam invariavelmente não articuladas nas variantes cultas da língua, como óptimo e correcto, passando a escrever-se ótimo e correto.
Apesar do acordo, continuará a haver diferenças no português dos dois lados do Atlântico. Os portugueses vão continuar a escrever "António" e "género" com acento agudo, enquanto no Brasil fica o circunflexo. Também vão manter o "c" em "facto", porque "fato" em Portugal é roupa - e tiram o "p" que não pronunciam na palavra "recepção".
Em termos históricos e culturais, é importante a existência de características locais na pronúncia dos povos de língua portuguesa. A unificação da escrita, entretanto, se mostra salutar e assaz oportuna, até mesmo para acabar com essa dicotomia com a qual sempre nos deparamos na internet, em que "sites" e programas são oferecidos nas opções “português europeu” e “português do Brasil”.
É forçoso reconhecer, contudo, que, do lado de cá, nós, brasileiros, veremos o idioma português perder um pouco de seu CHARME com a saída do trema, aqueles dois pontinhos simpáticos, simétricos, escandinavos, que são colocados para diferenciar os “us” pronunciados e os não pronunciados nas sílabas “que” e “qui”.
Além disso - cá pra nós - escrever a palava VÔO sem o “chapeuzinho”... vai ser muito, muito esquisito...