Confesso não ter autoridade nenhuma para discorrer sobre células-tronco, assunto tão em voga na atualidade. Não sei o que são, não sei para que servem e nem que forma têm. Enfim, não consigo imaginar como se dará a sua utilização para a existência de um mundo melhor.
Contudo, o pouco que li é suficiente para inferir que o tema não é essa coisa tão endiabrada que algumas entidades e organizações (principalmente as religiosas) andam espalhando por ai.
Aliás, é interessante relembrar a resistência erigida contra as novidades científicas ao longo da História. Sob a reprovação de uma divindade austera, ditadora de dogmas intransponíveis, os cientistas (ai incluídos físicos, astrônomos e químicos) jamais poderiam ter revelado a teoria heliocêntrica, e também não poderiam ter levado adiante as pesquisas que conduziram ao surgimento da anestesia. Para a Igreja, todos os corpos celestes teriam a Terra como centro absoluto e a sensação de dor deveria ser imposta inexoravelmente ao corpo humano nas intervenções cirúrgicas.
Ainda bem que, nesse embate, a ciência sagrou-se vencedora e nós, frágeis mortais, temos hoje a comodidade do entorpecimento analgésico caso tenhamos que nos submeter à aplicação de uma pontezinha de safena básica.
A história parece se repetir, agora, com as chamadas células-tronco. Tanta algazarra se fez que a celeuma foi bater nas portas da Justiça. E o Supremo Tribunal Federal, em um momento de extrema lucidez jurisdicional, veio finalmente a autorizar as experimentações que, conforme anunciam, trará benefícios para os portadores de deficiência.
Sejamos realistas e deixemos de lado as paixões religiosas diante de tão delicada etapa do caminhar humano. Se as pesquisas com células-tronco embrionárias têm o condão de promover avanços na ciência biológica e, assim, proporcionar o bem estar da pessoa humana, que sejam bem-vindas e que venham, também, as pesquisas com células-folha, células-raiz, células-flor, células-árvore...