A hipálage é uma figura de sintaxe pela qual se aplica a um termo um atributo que pertence a outro. Tal...

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A hipálage é uma figura de sintaxe pela qual se aplica a um termo um atributo que pertence a outro. Tal recurso enriquece o estilo por quebrar a expectativa lógica e criar ambiguidade, sugerindo ao mesmo tempo dois sentidos – um real e outro figurado. A hipálage condensa significados ao fazer com que um único termo se irradie sobre diferentes elementos da frase. É comum que, por meio desse expediente, amplifique-se o valor semântico dos adjetivos e se produzam novas figuras.

A vontade de existir, de persistir, de não deixar de ser, é um dos pilares da vida humana. Esse impulso gera medo, cuidado, reproduçã...

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A vontade de existir, de persistir, de não deixar de ser, é um dos pilares da vida humana. Esse impulso gera medo, cuidado, reprodução, legado, criatividade e até a busca por sentido. Sem ele, não há por que continuar. Esses são sentimentos e a composição da alma humana, que se reproduzem e se mantêm vivos no cotidiano, o que nos garante que somos gente de carne e osso, além da nossa alma geradora de mais emoções e

Ah, viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é in...

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Ah, viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não para, viver parece ter sono e não poder dormir – viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito.
(Clarice Lispector)

Essa nada mole vida na terceira idade não tem sido fácil! Tema da redação do Enem: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Não sei se os jovens que fizeram a prova tinham o conhecimento necessário para tal desafio, embora muito tenha se falado em etarismo, preconceitos e envelhecimento nos últimos anos. E sempre soube que, para qualquer exame, ler jornal, sites e estar bem-informado conta. Já eu, se fosse fazer a Redação, talvez tirasse dez. Muito o que contar sobre acordar, sair, solidão, invisibilidade, limitações, expectativa de vida, de como somos tratadas no diminutivo, os tantos fins, o ladeira abaixo, alegria de viver, amizades e amores. Ou a falta!

A vida de Celso Furtado foi sem dúvida trepidante, pois até à guerra ele foi, no verdor de seus 24 anos de idade, com uma maturidade qu...

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A vida de Celso Furtado foi sem dúvida trepidante, pois até à guerra ele foi, no verdor de seus 24 anos de idade, com uma maturidade que hoje faz inveja a muitos marmanjos de 40 anos. Estamos falando de fins de 1944, quase final da Segunda Grande Guerra, quando o Brasil enviou à Itália mais de cinco mil homens, entre oficiais e praças, para ajudar no esforço dos países aliados na luta contra o nazifascismo.

Flaubert disse, em um trecho de sua correspondência com sua namorada, a poetisa Louise Colet: “Não é nada fácil ser simples.” Complicar...

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Flaubert disse, em um trecho de sua correspondência com sua namorada, a poetisa Louise Colet: “Não é nada fácil ser simples.” Complicar é mais fácil porque acompanha o fluxo natural da mente: pensar demais, seguir devaneios, florear, criar justificativas e abrir desvios que se acumulam como camadas de poeira.

Em sua coluna da última terça-feira Glauco Morais pede a compreensão do pessoense para as mudanças que o “salto de desenvolvimento” v...

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Em sua coluna da última terça-feira Glauco Morais pede a compreensão do pessoense para as mudanças que o “salto de desenvolvimento” vem impondo, nos últimos vinte anos, sobre a paisagem física e o nosso comportamento.

E sendo moço e de boa saúde escreve com justificável otimismo:

Vou-me despedindo da leitura de O Nariz do Morto , no qual o escritor e crítico literário Antônio Carlos Villaça narra suas frustraçõ...

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Vou-me despedindo da leitura de O Nariz do Morto, no qual o escritor e crítico literário Antônio Carlos Villaça narra suas frustrações vocacionais — primeiro como noviço beneditino, depois como religioso dominicano e, por fim, como padre secular. Conheci Villaça e O Nariz graças a Francisco Gil Messias, que dedicou à obra uma excelente

A infância começa com o renascimento do Espírito no corpo físico, constituindo o período de desenvolvimento da personalidade e de execu...

A infância começa com o renascimento do Espírito no corpo físico, constituindo o período de desenvolvimento da personalidade e de execução do que foi estabelecido no planejamento reencarnatório: “Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.”1

Neste começo de outono penso em você. A cidade está coberta de folhas douradas, marrons e alaranjadas. Um tapete orgânico sobre o duro...

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Neste começo de outono penso em você. A cidade está coberta de folhas douradas, marrons e alaranjadas. Um tapete orgânico sobre o duro asfalto. Depois haverá o frio. Quando chegar o calor e as primeiras floradas, você virá. E será como se sempre tivesse estado aqui. A sua presença encherá a casa, ocupará os móveis, se derramará pelos cômodos. Você vai ser a flor no vaso, o rastro de luz se infiltrando entre as cortinas da sala, zumbido de abelha, página de livro e nota musical.

“Os historiadores dos corações e das almas têm deveres menores que os historiadores dos fatos exteriores? Alguém acredita que Alighi...

iliada helena heitor victor hugo miseraveis
“Os historiadores dos corações e das almas têm deveres menores que os historiadores dos fatos exteriores? Alguém acredita que Alighieri tenha menos coisas a dizer que Maquiavel? O sopé da civilização, por ser mais profundo e mais sombrio, é menos importante que o cume? Conhece-se bem a montanha quando não se conhece a caverna?”

Estávamos conversando sobre as peculiaridades do Brasil. O senhor K. citou o personagem Jerônimo, do romance O Cortiço, que deixou de ...

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Estávamos conversando sobre as peculiaridades do Brasil. O senhor K. citou o personagem Jerônimo, do romance O Cortiço, que deixou de ser um trabalhador português exemplar e um excelente pai de família depois que conheceu a música brasileira, a nossa cachaça e, principalmente, a Rita Baiana. Terminou por envolver-se num assassinato.

Um dia, sem avisar, a vida mostra seu lado mais negro, tritura o coração e deixa que ele seja visto como uma poeira frágil e fugaz.

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Um dia, sem avisar, a vida mostra seu lado mais negro, tritura o coração e deixa que ele seja visto como uma poeira frágil e fugaz.

Vou tratá-lo por João, nome que ele não tem no registro de nascimento. Já era homem feito quando eu ingressava na adolescência. Alto, a...

cebolinha gibi medico miguel nicolelis
Vou tratá-lo por João, nome que ele não tem no registro de nascimento. Já era homem feito quando eu ingressava na adolescência. Alto, atlético e bonito, chamava, naquele tempo, a atenção do público feminino por onde andasse. Sei de mocinhas apaixonadíssimas e de algumas disputas, quase aos tabefes, por aquele suposto coração de pedra. A muitas esse camarada parecia tão belo quanto desdenhoso, indiferente, seletivo.

Em sua obra clássica O Processo Civilizador (1939), o sociólogo alemão Norbert Elias (1897–1990) argumenta que as sociedades ociden...

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Em sua obra clássica O Processo Civilizador (1939), o sociólogo alemão Norbert Elias (1897–1990) argumenta que as sociedades ocidentais passaram, ao longo de séculos, por transformações graduais que envolveram uma crescente regulação dos impulsos, um refinamento das maneiras e a monopolização da violência — seja individual ou institucional — pelo Estado. Contudo, Elias evidencia que tal processo não é linear nem contínuo; ao contrário, é historicamente contingente, podendo apresentar avanços e regressões. Assim como há tendências civilizadoras, existem também processos descivilizadores, caracterizados pela reemergência da brutalidade e pela supressão institucional dos mecanismos que regulam o comportamento humano.

Aqueles que buscam a vida e a sabedoria mais elevada, que procuram vivenciar o saber de acordo com seus princípios intelectuais e espir...

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Aqueles que buscam a vida e a sabedoria mais elevada, que procuram vivenciar o saber de acordo com seus princípios intelectuais e espirituais, devem estar preparados para serem maculados, ridicularizados e condenados.

Vivemos na era da rápida informação, na qual se pode dizer ou publicar qualquer coisa com apenas um clique. Basta criar uma conta, faz...

Vivemos na era da rápida informação, na qual se pode dizer ou publicar qualquer coisa com apenas um clique. Basta criar uma conta, fazer um vídeo ou uma postagem, publicar e... voilà! Em poucos segundos, as visualizações começam a surgir. E isso, de certa forma, passou a ser um grande problema, principalmente quando a veracidade dos fatos nem sempre pode ser comprovada.