A crônica, a que é fruto da subjetividade, infunde bem mais vivência (e certamente por isso) do que a sua versão historiográfica. Corio...

A crônica, a que é fruto da subjetividade, infunde bem mais vivência (e certamente por isso) do que a sua versão historiográfica. Coriolano de Medeiros, corógrafo no tempo em que esse nome dava mais prestígio, escrevendo tão seguro quanto o mestre B. Rohan, identifica-nos com a alma da terra, com o nosso jeito um tanto desligado de ser — mais pela crônica do que mesmo pelos seus elaborados estudos e pesquisas de estilo ensaístico.

Pense bem em tudo que você já fez e que ninguém imagina... Aquele segredo oculto, aquela escolha impura, aquele impulso que você esc...

misterios segredos interiores

O poema deve agradar ao leitor, não ao crítico. Se ele agrada ao crítico, tanto melhor. Vejo o poema como um relógio, cujo destino fi...

O poema deve agradar ao leitor, não ao crítico. Se ele agrada ao crítico, tanto melhor. Vejo o poema como um relógio, cujo destino final é o usuário, não o relojoeiro. Ao usuário é suficiente que o relógio lhe forneça o que ele deseja: a exatidão na marcação das horas. Quanto mais o relógio atender à expectativa do usuário, maior será a sua satisfação. O usuário admira-se com a exatidão, com a marcação, dia após dia, dos segundos, minutos e horas.

CATABI – É o resultado da passagem do automóvel por um buraco no meio da rua. Zeca Porto é testemunha da definição de Carlos Aquino, ...

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CATABI – É o resultado da passagem do automóvel por um buraco no meio da rua. Zeca Porto é testemunha da definição de Carlos Aquino, quando íamos os três ao T.R.F. do Recife em busca de justiça: “– São as oscilações excêntricas do asfalto.” Era um catabi de intelectual, né?

O CARNEGÃO DA PEREBA – Eram aqueles olhinhos de pus que nasciam no meio das perebas que os xaropes colocavam pra fora do nosso corpo. Minha avó tinha um certo prazer sádico em estourar aquelas porcarias. Doía demais.

Que tal saber das impressões de um jovem estudante brasileiro acerca de um mundo em traumática e ampla mudança? Que tal a leitura de...

Que tal saber das impressões de um jovem estudante brasileiro acerca de um mundo em traumática e ampla mudança? Que tal a leitura dessas impressões mediante acesso a cartas por ele trocadas com a mãe, professora de Filosofia, num momento crucial do cenário político, social e econômico, em escala planetária, aquele que se sucedia à queda, anos antes, do Muro de Berlim, portanto, ainda no frescor dos acontecimentos? Que tal perceber que essa troca produziu pérolas literárias com as assinaturas de Maria das Neves Franca e Marcílio Toscano Franca Filho? O que dizer de seus enredos sobre episódios com a grandeza e o significado da reunificação de um povo, assim tida e havida?

A irracionalidade humana pode ser estudada por meio da interconexão entre o ódio na política e a desigualdade social, com o aumento d...

A irracionalidade humana pode ser estudada por meio da interconexão entre o ódio na política e a desigualdade social, com o aumento da demência dos cidadãos, desde que as políticas públicas e o estado de saúde mental deles se tornam uma anomia e uma doença psíquica de alguns. Essa relação se manifesta no aumento do declínio cognitivo e da perda do senso crítico-político de muitos, impactando a má saúde financeira e a qualidade de vida da população.

Na vastidão das páginas de um livro, o leitor encontra um refúgio onde pode explorar dimensões além da realidade cotidiana. Cada palavr...

Na vastidão das páginas de um livro, o leitor encontra um refúgio onde pode explorar dimensões além da realidade cotidiana. Cada palavra, cuidadosamente escolhida, se transforma em uma ponte

Inicialmente, devemos esclarecer que o nome da criatura era Zenóbio; Manchão era só o apodo — ou o apelido, se preferirem. Convém també...

deboche vinganca brincadeira mau gosto
Inicialmente, devemos esclarecer que o nome da criatura era Zenóbio; Manchão era só o apodo — ou o apelido, se preferirem. Convém também lembrar aos mais antigos e esclarecer aos mais jovens o que vem a ser um manchão. Isso remonta aos tempos em que o pneu de automóvel precisava ter, entre ele e a roda, um apêndice chamado de “câmara de ar”. Constituída de borracha, sempre que o pneu furava ou sofria algum dano, a conta sobrava para essa câmara, que precisava quase sempre ser remendada. Esses remendos eram pedaços de borracha, constituídos do mesmo material da câmara. Os borracheiros usavam uma cola especial para fazer a colagem e, assim, reparar algum furo ou rasgo. Esse restauro de borracha era chamado de manchão.

Na medida em que o tempo passa, acumulam-se saudades. Saudades estas que muitas vezes não sabemos sentir. São abraços, gestos, beijos...

amor sonhos
Na medida em que o tempo passa, acumulam-se saudades. Saudades estas que muitas vezes não sabemos sentir. São abraços, gestos, beijos que foram registrados numa velocidade que se desdobra aos poucos. O ato rompeu os ponteiros do relógio.

Retornei à fazenda Malhada da Onça na tentativa de encontrar registros que apontassem os caminhos de João Suassuna, depois de adentrar...

Retornei à fazenda Malhada da Onça na tentativa de encontrar registros que apontassem os caminhos de João Suassuna, depois de adentrar pelos arredores da fazenda Acahuan, outro local onde cultivou seus sonhos. Com a ideia na cabeça, conduzido pelas palavras que ecoam por entre os grotões do sertão esturricado, tentava refazer a trajetória desse homem injustiçado.

Se vivo estivesse, o jornalista e diretor de cinema Linduarte Noronha (1930-2012) faria 95 anos em 2025. Já Aruanda , sua obra-prima,...

linduarte noronha aruanda cinema novo
Se vivo estivesse, o jornalista e diretor de cinema Linduarte Noronha (1930-2012) faria 95 anos em 2025. Já Aruanda, sua obra-prima, celebra 65 anos. O documentário em curta-metragem retrata o cotidiano da comunidade quilombola que vivia na Serra do Talhado, no município de Santa Luzia, e é considerado um precursor do Cinema Novo — movimento cinematográfico que rompeu com o modelo comercial e alienante da época, em busca de uma arte crítica, engajada e autenticamente nacional. Motivos não faltam, portanto, para celebrar a vida e a obra do cineasta nascido em Ferreiros, Pernambuco, e radicado na Paraíba.

A angústia de Hamlet segundo seu amigo Horácio, paraibano” é um refinado, compósito e delicioso exercício de estilo. Nesse seu novo ...

solha angustia hamlet
A angústia de Hamlet segundo seu amigo Horácio, paraibano” é um refinado, compósito e delicioso exercício de estilo. Nesse seu novo romance, Waldemar Solha “reelabora” a tragédia shakespeariana com o desembaraço de quem conhece a fundo a obra do bardo inglês e uma perícia narrativa que nos prende do início ao fim.

Há uma certa ironia no modo como me vejo, às vezes, diante do espelho. Roupas confortáveis, xícara de café ao lado, silêncio no ambient...

cansaco mental
Há uma certa ironia no modo como me vejo, às vezes, diante do espelho. Roupas confortáveis, xícara de café ao lado, silêncio no ambiente. Nada que lembre o suor de um operário na construção civil, o ritmo acelerado de um médico no pronto-socorro ou o cansaço físico de quem carrega um peso significativo o dia todo. Meu trabalho parece, aos olhos desatentos, um luxo. Um mero passar dos olhos sobre letras, um divagar da mente.

Entre a primeira e a última batida desse coração que no nosso peito mora, tantas alegrias se assentam e tantas dores se erguem. Quem s...

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Entre a primeira e a última batida desse coração que no nosso peito mora, tantas alegrias se assentam e tantas dores se erguem. Quem sou eu neste mundo tão vasto? Qual o propósito da minha vida? Pergunto-me essas coisas vendo a existência deslizar como sopro suave entre as folhas.

O próximo dia 2 de dezembro deste 2025 marcará os duzentos anos de nascimento do imperador brasileiro Pedro II. É uma data histórica, ...

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O próximo dia 2 de dezembro deste 2025 marcará os duzentos anos de nascimento do imperador brasileiro Pedro II. É uma data histórica, não há dúvida, sejamos monarquistas ou não. E não o sou, digo logo, o que não me impede de admirar o homem que governou o Brasil por praticamente meio século, reconhecendo seus méritos e admitindo seus erros, ou seja, procurando fazer-lhe justiça, dentro do possível.

O Clube de Leitura “Narradores do Tempo” é um projeto de extensão contemplado pelo edital “UFPB, seu município e responsabilidade socia...

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O Clube de Leitura “Narradores do Tempo” é um projeto de extensão contemplado pelo edital “UFPB, seu município e responsabilidade social”. Uma ideia de que as ações da Universidade possam ser interiorizadas e realizadas em parcerias. Uma ação voltada ao fortalecimento da competência de leitura e escrita entre estudantes de Jornalismo, centrada na produção editorial das mulheres — cronistas e jornalistas — que escrevem reportagens e/ou quadrinhos, garantindo assim a circularidade das obras lidas e discutidas, e de forma itinerante, para que outros espaços também sejam palco dessa troca de conhecimentos.