Getúlio Vargas foi, de longe, o político mais completo da nossa história. Por qualquer parâmetro que se pretenda medir a atividade política no Brasil, ele ganha fácil de qualquer outro que tenha se dedicado a essa nem sempre tão nobre atividade. Esqueçam os 19 anos na presidência. Menos importa a sua capacidade de recuperação. Até amantes ele teve. Ou seja, tudo que os outros políticos fizeram, ele fez mais e melhor — inclusive traindo os colegas.
A beleza da simplicidade no canto regional e na ancestralidade expressa uma forma de estar no mundo, de preservar identidades e de transmitir saberes que atravessam gerações. Esses elementos, quando combinados em uma obra de arte — por exemplo, a arte de cantar — produzem uma experiência armazenada de memória, emoção, pertencimento e dignidade. É dessa combinação que nasce a espontaneidade, na qual é possível encontrar uma vivência que resiste ao engessamento da técnica excessivamente formalizada. Nela, há o gesto natural do corpo que pulsa para cantar, tornando o palco um espaço de empatia e partilha, no qual cada espectador se reconhece no cancioneiro, na poesia e na melodia. Esse processo eu observei durante o show da paraibana Mayana Neiva, no dia 6 de dezembro, no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa (PB).
Estonteado, ainda pude ver meu corpo esticado: durinho. Era manhã de sábado. O céu estava acinzentado e o ar poluído. A paisagem daquele dia não seria diferente de tantas outras do inverno paulista — mórbida e depressiva.
Ei, psiu... Você já perdeu a cabeça por amor? Eu, não. E, permita-me a discordância, caso seja afirmativa a sua resposta. Você nunca perdeu a sua cabeça por conta disso nem por nada. Quando muito, pode ter perdido, ocasionalmente, o juízo, ou o sossego. Na verdade, minhas e meus camaradas, nenhum de nós sabe o que seja, de fato, uma perda dessas.
Aprendi com Tia Nina, mulher forte e iluminada, que uma cadeira de rodas não lhe impediria de continuar indo para a cozinha fazer o que sempre amou. Não deixaria de dar seu toque particular nos quitutes deliciosos que servia.
A vida é, sem dúvida, muito difícil! Só que ela é compensada a cada dificuldade. Mesmo que seus problemas de hoje fossem multiplicados por dez ou por cem, ainda assim eles não excederiam a magnitude da alegria, da beleza e da experiência de estar vivo e provar a maravilha de haver sido singularmente criado por Deus.
O verdadeiro significado da vida é uma questão que tem intrigado a humanidade ao longo dos séculos. Filósofos, poetas e pensadores de diversas culturas têm refletido sobre essa busca, oferecendo perspectivas que variam desde a busca pela felicidade e realização pessoal até a conexão com o cosmos e o propósito maior da existência.
Por mais terras que eu percorra
Não permita, Deus, que eu morra
Sem que volte para láCanção do Expedicionário
Enquanto a Segunda Guerra Mundial devorava gente na Europa, África e Ásia, aqui, no maior país da parte Sul das Américas, o governo vigente, longe desse “pega-pra-capar”, flertava em alguns momentos com o pessoal do chamado Eixo (Alemanha. Japão e Itália); noutras horas com os chamados “Aliados” que formavam o ajuntamento do bem. Ficou nessa relação infiel até que o Tio Sam pusesse “aquela coisa” na mesa e exigisse que o Sr. Vargas, o nosso ditador da vez, tomasse uma posição. Só então nossa Pindorama declarou de qual lado estava.
Bem,
não temos ninguém com idade dos vitrais
das catedrais!,
nem com a dos fragmentos de templos gregos,
nos museus.,
menos ainda com a dos ossos colossais da Terra:
seus rochedos
ateus!,
O tempo incide na materialidade do que busco. Preciso racionar a tensão incitada pelos ponteiros. A avidez não deve se tornar sinônimo de desespero. É o embate constante entre o que fiz e aquilo que ainda quero fazer. Sei que posso.
Despedindo-me do dia 2 de dezembro de 2025, deixo para trás os sessenta anos, vividos e ainda não quitados com o universo, apesar das novas dívidas contraídas, não só por adiar as não pagas, mas também as novas que fiz e ando fazendo. Sinto-me feliz pela oportunidade de ainda estar no jogo.
Nas manhãs com o sol rasgando as nuvens, ou quando a lua grande vagava lentamente no céu como uma bola dourada, gostava de ficar no quintal de casa observando o sol ou a lua por entre as folhagens do cajueiro existente em minha rua.
A Idade Média fascinava Maurice van Woensel, e não apenas por razões afetivas ou estéticas. Maurice dizia que o essencial das manifestações artísticas do Brasil, e especialmente do Nordeste, enraíza-se no Medievo. E tinha razão. Segundo Afrânio Coutinho, a literatura brasileira nasce sob o signo do Barroco. E o que é o Barroco, senão o efeito da cultura medieval sobre a visão de mundo herdada do Classicismo? Barroco é dualismo, agonia, antítese; o que anima a alma barroca é o impulso cristão de contestar o racionalismo e o humanismo da Grécia e de Roma. Para contestá-los procuramos os modelos teocêntricos de vida e arte vigentes na Idade Média, de cujo imaginário se embebeu nosso espírito latino.
O cheiro de alho refogando na panela e a fumaça da água fervendo na panela são a minha máquina do tempo. Não precisa de engrenagens reluzentes ou luzes piscantes, basta um fio de azeite aquecido, três dentes de alho amassados e a chama amarela do fogo. Enquanto espero dourar, já não estou mais no apartamento minúsculo da cidade grande. Estou na cozinha de paredes de madeira da casa de minha vó,
O Centro Cultural São Francisco foi cenário da segunda edição do Festival Literário Internacional da Paraíba, o FliParaíba, realizado no último mês de novembro. Ao longo de três dias, diversos escritores, pensadores e ativistas cruzaram os umbrais do antigo Convento Franciscano de Santo Antônio, para debater Literatura e temas culturais e sociais, além de lançar livros e aproximar-se do público leitor.
Alguns dos pensadores e escritores que participaram das palestras e debates da Feira Literária Internacional da Paraíba 2025, realizada no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa. ▪ Imagens: CCSF
Pus-me então a refletir quantos outros intelectuais também contemplaram aquele conjunto arquitetônico do século XVIII, que expressa todo o esplendor do barroco brasileiro. Um desses ilustres visitantes foi o escritor Mário de Andrade, em 1929.
Conjunto barroco da Igreja de São Francisco, em João Pessoa, com a fachada e o adro revestidos de detalhes esculpidos que marcam a arquitetura religiosa do século XVIII. ▪ Fonte: T.Advisor
Um modernista assombrado com o barroco
Entre novembro de 1928 e fevereiro de 1929, Mário de Andrade empreendeu uma expedição pelo Nordeste para realizar uma série de pesquisas etnográficas. O escritor registrou suas impressões em um diário, publicado somente em 1976 sob o título de O Turista Aprendiz. A edição de que me valho é a do Instituto do Patrimônio Histórico e
A senhora Sartre não deve ter gostado nem um pouco. Insinuou-se para o amigo Albert Camus e ele esquivou-se, recusando a dádiva. Para os brios de uma mulher, qualquer mulher, ser recusada não é fácil; imagine-se para uma voluntariosa como Simone de Beauvoir, acostumada a conquistas fáceis, facilitadas menos por seus dotes físicos que pelos intelectuais, estes sempre fascinantes na França dos literatos e filósofos. Tão fascinantes que até um feio por excelência como Sartre atuou durante anos como um verdadeiro Dom Juan entre alunas e admiradoras.