A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra… E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augus...

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A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra…

E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.

Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria. O porvir do teu pai. Fagunde...

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Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria. O porvir do teu pai.
Fagundes Varela

Se meu dileto leitor e a minha cara leitora fizerem uma pesquisa apurada, verão que o 9 de setembro é um dia absolutamente sem importância em nosso calendário. Por aqui nada relevante. Consta-me que lá na Turquia, na localidade de Esmirna, celebra-se a reconquista da cidade que estava sob o domínio dos gregos e que marca o fim da guerra Grego-Turca que matou muita gente entre 1919 e 1922.

Só agora é que consegui pôr as mãos em uma curiosa caixa, em DVD, de uma série levada ao ar a partir de 1955 na TV norte-americana: Alfred...

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Só agora é que consegui pôr as mãos em uma curiosa caixa, em DVD, de uma série levada ao ar a partir de 1955 na TV norte-americana: Alfred Hitchcock Apresenta (ou Alfred Hitchcock Presents, no original, em inglês), título que rendeu um total de sete temporadas e exatos 266 episódios com muito suspense, mistério, terror e um certo humor claudicante.

Julho de 2014: Sérgio Lucena me pede que o entreviste Dei à nossa conversa, como título, os versos do FOUR QUARTETS ( Quatro Quarteto...

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Julho de 2014: Sérgio Lucena me pede que o entreviste

Dei à nossa conversa, como título, os versos do FOUR QUARTETS ( Quatro Quartetos ) que o mui católico Eliot fora buscar num lenço bordado pela também mui católica rainha Mary Stuart, da Escócia.

"En ma Fin gît mon Commencement..." IN MY END IS MY BEGINNING – Em meu fim está meu começo.

Sérgio não disse o motivo do pedido. O fato de ele - pessoense radicado em São Paulo desde 2003 - ter agendada uma mostra na Usina Cultural, aqui em João Pessoa, é plausível, mas... atrevo-me a imaginar outra razão: precisava de alguém pra conversar... consigo mesmo, a respeito de sua arte. Talvez como Dante, que – pra evitar um longo e monótono monólogo – apelou – mais ou menos na mesma idade - pra outro poeta, Virgílio, ao se ver avançando para uma das “crises previsíveis da vida adulta” ( cf. Gail Sheehy ) , per una selva oscura / ché la diritta via era smarrita, embora a palavra smarrita – perdida - seja demasiado forte para essa via, pois é claro que o artista sempre pode dizer como Picasso: que “Eu não procuro, encontro”.

A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pod...

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A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pode expressar desde um simples incômodo até um grande padecimento.

A depender de como seja encarada, ela pode levar quem a sente à estagnação, a uma espécie de cultivo masoquista dos próprios pesares, ou se tornar mola propulsora a novos patamares, funcionando como dínamo transformador, suscitando crescimento, aprendizagem, ressignificação.

Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca ...

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Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca o solo marciano em busca de sinais de vida no que foi o leito de um lago extinto há bilhões de anos. Faz isso depois de sete meses de viagem com o auxílio de instrumentos destinados à coleta de amostras e à observação da geologia.

Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos...

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Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos os momentos, amante da historicidade humana e mais profundamente amante do sujeito e da sua busca em tornar-se Ser Humano. Minha mãe professora de música, apaixonada pela arte, pela estética e pela expressão em todas as suas formas, incentivadora do movimento, das mudanças e transformações na vida de todos próximos a ela. Esses dois me mostraram, a partir de sua união, a importância da busca determinada pela realização do amor, e essa foi a herança que tentaram distribuir em vida com seus quatro filhos.

A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocid...

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A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocidental, a representação do afeto melancólico remonta a Belerofonte, herói da mitologia grega, e desde então aparece em artistas, filósofos, cientistas e intelectuais cujo luto pelo Objeto Perdido precipita-os num abismo de devaneios e cogitações.

Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bron...

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Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bronze do navegador Cristóvão Colombo, descobridor da América, tinha sido recentemente retirada do Grand Park, em Los Angeles, EUA, pela Prefeitura da cidade. Motivo? Pressão de organizações indígenas americanas, sob a risível alegação de violências cometidas pelo navegador contra os nativos, à época do descobrimento. O leitor está rindo? Eu também ri. Não só pela comicidade do caso, mas também para não chorar de vergonha destes nossos tempos ridículos.

Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. T...

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Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. Tudo parece banal, mas não é. Nunca mais aquele momento irá se repetir. Parece óbvio, mas também parece óbvio que as pessoas desprezam o óbvio e pagam caro por isso. Do que se apresenta como desprezível ao que há de mais relevante, o tempo não perdoa. A vida vai nos engolindo aos poucos e se formos indigestos, vomita nossos sonhos um por um.

O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo obje...

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O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo objetivo é inconfessável: a instauração de um regime de exclusão de direitos humanos e democráticos, conquistados a duras penas ao longo das últimas quatro décadas. De criar uma reles ditadura, nos moldes da Coréia do Norte, da Venezuela, ou do Afeganistão sob a égide do Talibã.

Numa tarde da Primavera que findava, passando pela calçada do Parque Arruda Câmara, a Bica, como popularmente chamam o nosso ...

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Numa tarde da Primavera que findava, passando pela calçada do Parque Arruda Câmara, a Bica, como popularmente chamam o nosso zoológico, recordei que muitas vezes ali estive procurando imagens para compor a paisagem de minha poesia, já que Tapuio de minha infância estava distante. Lugar aprazível que nos envolve e conduz ao invisível prazer que não cabe numa crônica. Na minha juventude ali risquei na casca de uma árvore um “S”, a primeira letra do nome da Musa, sem que ela estivesse perto.

Foi um tempo quando caminhava por suas alamedas, contemplativo, sentava à sombra dos ipês amarelos e roxos, o espírito flutuava por sua paisagem enquanto o poema era resumido na escrita deixada no tronco da árvore onde desenhei a letra. Uma letra sintetizando a emoção de que um dia alguém lesse a mensagem do poeta desconhecido, deslumbrado com a beleza do rosto feminino na paisagem da imaginação.

“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poet...

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“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poeta alemão Rainer Maria Rilke, indignado com um suicídio que presenciou, questiona-nos em uma de suas cartas o poder de quem retira a própria vida, o que para muitos soa como uma afronta, visto que a maioria das pessoas acredita que o autocídio é um ato de covardia. Porém, a potência que cada um traz em si é efêmera e isso deve ser entendido, exemplificando-se com mortes como a

No sábado 19 de janeiro de 1924, a primeira página do jornal “A União - Orgao do Partido Republicano da Parahyba do Norte” trazia uma maté...

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No sábado 19 de janeiro de 1924, a primeira página do jornal “A União - Orgao do Partido Republicano da Parahyba do Norte” trazia uma matéria que iniciava, assim:

“A Parahyba e seus Problemas – Sahiu, hontem, dos prélos da Imprensa Official a obra do sr. dr. Jose Americo de Almeida – ‘A Parahyba e seus Problemas’, mandada escrever pelo sr. dr. Solon de Lucena, presidente do Estado, em homenagem à actuação administrativa do sr. dr. Epitacio Pessôa na terra adorada do seu nascimento. [...]”

Faz algum tempo uma minoria ruidosa de poetas resolveu decretar que poemas não d...

Faz algum tempo uma minoria ruidosa de poetas resolveu decretar que poemas não deveriam ser recitados, mas lidos. E lidos em silêncio, uma vez que, investindo maciçamente no visual, esses poetas não lhes davam voz, tornando-os artefatos mudos, desses cuja leitura está a exigir uma tal acrobacia do olhar, um tal golpe de vista, que o leitor, de tanto esforço despendido, poderia sofrer um descolamento de retina. E como o que não tem voz prescinde de emoção, eis que os poemas dessa minoria ruidosa vão, pouco a pouco, caindo na vala comum do esquecimento.

Pompei Revisito o silêncio das trevas. Sonhos adormecidos, desfeitos por gestos que precedem a consciência. Sigo nos séculos,...

Pompei
Revisito o silêncio das trevas. Sonhos adormecidos, desfeitos por gestos que precedem a consciência. Sigo nos séculos, interrompido no ventre da mãe. Restos calcinados, dispersos, estremados, entrecortados pelo espanto. O céu sabe das cinzas. Sempre soube... E aproveitou-se da inocência dos que não me conheceram para dizer que me negaram a existência

Para economizar o dinheiro do transporte, caminhava até a escola após o almoço — o sol do Equador tostando a pele jovem. No fim do mês, c...

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Para economizar o dinheiro do transporte, caminhava até a escola após o almoço — o sol do Equador tostando a pele jovem. No fim do mês, com as notas e moedas nas mãos, entrava na loja de discos e falava com o rapaz de cabelos encaracolados. Ele lhe vendera os álbuns dos Beatles. Havia sido uma descoberta desde que a Íris lhe falara daqueles ingleses bonitinhos. Tornou-se um vício ouvi-los e o rapaz da loja de discos a ajudara a comprar aos poucos toda a coleção, em ordem cronológica. Teve de apelar para os dicionários a fim de traduzir as coisas que seu inglês precário não alcançava.

No ano de 2012, fui a um encontro de Clássicas, em Ascea Marina, um balneário de Salerno, no mar Tirreno. Depois de passar um dia em Pompe...

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No ano de 2012, fui a um encontro de Clássicas, em Ascea Marina, um balneário de Salerno, no mar Tirreno. Depois de passar um dia em Pompeia, no final do encontro, cheguei, no sábado pela manhã, a Nápoles, de onde sairia, à noite, com destino a Roma. Planejei sair à noite, para que pudesse passar o dia no Museu Nacional Arqueológico, onde se encontra grande parte do acervo da cidade de Pompeia. Tive sorte de ser início da primavera e as salas principais do Museu estarem abertas, o que me permitiu obter muitas fotos importantes, que utilizo como material para a sala de aula.

Profundo mergulho Profundo mergulho no sem medida do tempo, no limite oco do espaço. Borbulhas ? Sopro ? Bocejo ? Dentes...

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Profundo mergulho
Profundo mergulho no sem medida do tempo, no limite oco do espaço. Borbulhas ? Sopro ? Bocejo ? Dentes à mostra ? - Suspiro … Línguas que buscam a sinfonia muda do silêncio Palavras se escrevem onde não existe nem tela

A compreensão filosófica e científica da palavra Revelação apresenta sentido distinto da religiosa, e, em consequência, os métodos de inv...

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A compreensão filosófica e científica da palavra Revelação apresenta sentido distinto da religiosa, e, em consequência, os métodos de investigação ou comprovação são, igualmente, diferentes.

Para os filósofos, revelação é a “manifestação da verdade ou da realidade suprema aos homens”, o que não deixa de ser algo inatingível, uma vez que, à medida que o homem progride, ampliam-se os horizontes do seu conhecimento. A Ciência compreende revelação como a descoberta e o entendimento das leis que regem a Natureza, ou, ainda, a invenção de algo que favoreça o progresso humano.

Um colega se refugiou num sítio. Deixou o asfalto para viver em contato mais próximo com a natureza. Ou seja, ser fiel à vocação ecológic...

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Um colega se refugiou num sítio. Deixou o asfalto para viver em contato mais próximo com a natureza. Ou seja, ser fiel à vocação ecológica. Ali, penso, convivendo com aves e bichos mansos, sacudindo ao ar milho e deitando rações para eles, se afilia à ala do franciscanismo. Sem hábito, sem regras, sem votos. O ar puro deverá exercer sobre o amigo e ex-colega de bancos colegiais um fascínio e bem-estar jamais encontradiço nos páramos assaltados pelos cruéis trânsitos de autos e parentes de motor, malabarismo de motos, ar poluído, envenenado pelo metanol e companhia ilimitada.

Especializei-me em poemas longos. Alguns são “tratados poético-filosóficos”, tipo VIDA ABERTA, que foi finalista de poesia do último Jabu...

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Especializei-me em poemas longos. Alguns são “tratados poético-filosóficos”, tipo VIDA ABERTA, que foi finalista de poesia do último Jabuti, ou 1/6 DE LARANJAS MECÂNICAS, BANANAS DE DINAMITE, que está para sair pela Arribaçã do Linaldo Guedes, lá de Cajazeiras. Um outro gênero, na mesma linha, foi o “rimance”, no caso A ENGENHOSA TRAGÉDIA DE DULCINEIA E TRANCOSO. Como me fascinam os “marcos” – cordéis de Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde que narram a construção de babeis bem mais delirantes que a bíblica, fiz, também este MARCO DO MUNDO, de que aqui vão alguns trechos:
Abre-se o abismo de pedra e susto e, de cristal e prata, duzentas e setenta cataratas, como as de Foz do Iguaçu, na Garganta do Diabo, cavam, sem problema, a fundação do poema. (...) E é aí que, a propósito, de la bruma de los siglos emerge la antigua capital del imperio, coronada por cúpulas de palacios y iglesias, dentre as quais a do templo más ricos del Orbe com su Torre Catedralícia, en que se exhibe una Custodia en doscientos kilogramos de plata y oro, maquete do que será o ápice do Marco e seu grande tesouro. (... ) Não se faz ideia, sequer, do que vem nos contêineres. Prosa e verso, talvez papel, pois um nome que emergiu ali, foi El Universo, Biblioteca de Babel, que, depois, ante a fragrância de begônias, tornou-se Jardins Suspensos da Babilônia, com rosas do Épiro, lírios-do-zéfiro, além de alstremérias, clívias, milefólios, amarílis, rosinhas-de-sol, cestos-de-ouro, angélicas, flores-da-Abissínia, glórias-da-manhã e trombetas-de-arauto, tudo sublimado pelo aroma da tilândsia azul em torno de contêineres vindos do sul. (...) Aí um contêiner escapa da grande altura, feito fruta madura, rebenta-se, e os operários, surpresos, dão com devoradores de sombras, que – não mais presos - assombram feito bando de cobras, no canteiro de obras, juntos de um gato escaldado, animais esféricos, e, pelos flancos, elefantes brancos, mais as vacas sagradas, bois de piranha, velhas raposas, porcas misérias, jumentos sem mãe e leões de chácara, a revoada de baratas tontas pronta pro satânico pânico, a que se acresce o incêndio causado por seres térmicos. (...) Chegam pra compor, na Torre, vários andares, as extintas Mandchúria, Tchecoslováquia e Boêmia, com seus lares, bares, bazares, altares e lupanares, mais eliminados reinos da Baviera, Nápoles, Prússia e Sardenha além da Sereníssima Veneza do grande pintor Mantegna, das repúblicas Liguriana e Cisalpina, de exótica luz bizantina, dos impérios Khazar e Romano, Austríaco e Otomano, a egípcia trinca - maia, asteca e inca - mais a União Soviética ( a Utopia que atropelou a ética ). (...) Embora espere tanto de si quanto de um pianista de bar ou de escultor de vitrina, o Poeta tem, à custa de disciplina, a mente tomada de dados, vindos de todos os lados, e, em atividade, febril, feito complexo fabril que inclui minas, bancos, shoppings, restaurantes, hospitais, laboratórios, exige que as rimas sejam reais obras-primas e em chapas de aço – como de esculturas monumentais – e, de quebra, também de pedra, como o vigoroso Muro da Reforma, em Genebra. Sem sigilo: rimas como pirâmides: ex nihilo. Rimas ricas como de haicai com heaven, not sky. Quer versos... em pentagramas, e eletroencefalogramas. Não quer um sequer como São José na Sagrada Família: triste, last and least. Porque sabe que quando se empavona, é mais pavão o pavão, e que, quando ruge, é mais leão o leão. E que também na arte, o todo é sempre menor do que sua melhor parte. Mas, se tango é exagero argentino, o do Poeta é este, traquino: sabe que em todo poema – isso já vem do sistema - há estrofes marias-vão-com-as-outras, cruzetas, que são como rodas traseiras das carretas, que apenas levam peso, seguindo a dupla dianteira. Mas sua exigência primeira é a de que todo verso tenha igual importância e, por igual, se eternize: nada de corte de quilha n´água, que na hora se cicatrize. Quer rimas de trens com metrôs, Gestas e Dimas. Quer que nuvem rime com fumaça, Graciliano com Graça, assim como Manet com Monet, o que é com não é.

Presidente Bolsonaro, alguns amigos são absolutamente desnecessários porque só nos dão prejuízos. Sua equipe econômica está fazendo isso c...

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Presidente Bolsonaro, alguns amigos são absolutamente desnecessários porque só nos dão prejuízos. Sua equipe econômica está fazendo isso com o senhor, Mito. Esse lheguelhé dos precatórios é um absurdo que custará caríssimo ao Brasil e pessoalmente a Vossa Excelência.

Noves fora a péssima imagem que o parcelamento do pagamento dos precatórios deixará na imagem do Brasil junto aos investidores, o prejuízo econômico à nação será avassalador.

“Pílulas de Vida do Dr. Ross fazem bem ao fígado de todos nós”. Quem, entre os mais adentrados, não ouvia isso o tempo inteiro no rádio d...

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“Pílulas de Vida do Dr. Ross fazem bem ao fígado de todos nós”. Quem, entre os mais adentrados, não ouvia isso o tempo inteiro no rádio dos anos de 1950 e início dos 60? E até antes disso porquanto as pílulas em questão ultrapassaram as fronteiras desse mundão de Deus ao longo de quase todo o século passado.

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O Dr. Ross dos anúncios impressos e cantados por vozes masculinas e femininas nos aparelhos do tipo bunda quente (alusão às válvulas incandescentes que existiam antes da invenção dos transistores), foi o farmacêutico Sydney Ross dono do laboratório americano que desenvolveu esse medicamento por volta de 1890, ao que se conta.

Para que servia? Pois bem, para males que iam da prisão de ventre ao intestino frouxo, passando pelo sangue impuro. Com raízes e extratos vegetais na sua composição, as pílulas, de cor rosa, eram apresentadas em propaganda de 1940 como “o remédio que corrige mais erros do que qualquer outra descoberta da ciência moderna”. Servia, até contra divórcio, se a encrenca entre marido e mulher decorresse apenas do mal humor acarretado pela digestão difícil, como neste anúncio se pode ver.

As notas do jingle das Pílulas de Vida, de tão populares, serviram para musicar o deboche de Alvarenga e Ranchinho à campanha política de Plínio Salgado, nos idos de 1955. “Plínio Salgado quando abre a voz faz mal ao fígado de todos nós”, cantava aquela que por muito tempo foi a dupla caipira mais famosa do País.

Fossem tão antenados quanto seus ancestrais, os caipiras modernos (hoje, eles preferem o termo “sertanejo”, as guitarras e os chapéus de cowboy) teriam em muitas expressões da política atual motivos para a zombaria de norte a sul. E, assim, prestariam um enorme serviço à Nação.

Mas, em plena madrugada, ocorre-me perguntar por que diabo fui eu lembrar do Dr. Ross. Deve ser por causa da pandemia, essa coisa brutal que nos obriga à reclusão. O isolamento, de fato, inverte o metabolismo, tira o sono de quem precisa dormir e faz o pensamento voar ao destino invariável: o passado. Nunca tive tanta saudade dos meus verdes anos. Agora mesmo, sinto falta até do óleo de fígado de bacalhau.