E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.
A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra… E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augus...
Apagões
E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.
Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria. O porvir do teu pai. Fagunde...
Meu 9 de Setembro
Fagundes Varela
Só agora é que consegui pôr as mãos em uma curiosa caixa, em DVD, de uma série levada ao ar a partir de 1955 na TV norte-americana: Alfred...
Hitchcock: o homem que sabia (se vender) demais
Julho de 2014: Sérgio Lucena me pede que o entreviste Dei à nossa conversa, como título, os versos do FOUR QUARTETS ( Quatro Quarteto...
Conversa com Sérgio Lucena
"En ma Fin gît mon Commencement..." IN MY END IS MY BEGINNING – Em meu fim está meu começo.
Sérgio não disse o motivo do pedido. O fato de ele - pessoense radicado em São Paulo desde 2003 - ter agendada uma mostra na Usina Cultural, aqui em João Pessoa, é plausível, mas... atrevo-me a imaginar outra razão: precisava de alguém pra conversar... consigo mesmo, a respeito de sua arte. Talvez como Dante, que – pra evitar um longo e monótono monólogo – apelou – mais ou menos na mesma idade - pra outro poeta, Virgílio, ao se ver avançando para uma das “crises previsíveis da vida adulta” ( cf. Gail Sheehy ) , per una selva oscura / ché la diritta via era smarrita, embora a palavra smarrita – perdida - seja demasiado forte para essa via, pois é claro que o artista sempre pode dizer como Picasso: que “Eu não procuro, encontro”.
A dor é um fenômeno da vida. Manifestando-se em diversos matizes, atinge maior complexidade quando diz respeito ao escopo humano, pois pod...
A dor como processo natural de autoconhecimento
A depender de como seja encarada, ela pode levar quem a sente à estagnação, a uma espécie de cultivo masoquista dos próprios pesares, ou se tornar mola propulsora a novos patamares, funcionando como dínamo transformador, suscitando crescimento, aprendizagem, ressignificação.
Acompanho, embevecido, a exploração de Marte por robôs que para ali despachou a engenhosidade humana. Agora mesmo, o Perseverance cavouca ...
Um caso a pensar
Pra começar, queria falar que nasci em uma família de professores: meu pai era professor de história, comprometido com a educação em todos...
Escolhas que se renovam
A melancolia acompanha o homem desde os seus primórdios, confundindo-se com o desencanto consequente à perda do Paraíso. Na literatura ocid...
Por uma poética da melancolia
Já faz algum tempo. Li a notícia na coluna de João Pereira Coutinho, na Folha de S. Paulo, e não resisti a comentá-la. Uma estátua em bron...
A desconstrução da História
Viver é caminho sem volta. Cada momento, cada dia. Toda conversa com amigos no bar é infinita. As grandes e as pequenas emoções vividas. T...
Quando sonhar não basta
O Brasil está vivendo uma crise institucional criada artificialmente, com o nítido propósito de subverter a ordem democrática, e cujo obje...
Que vença a democracia!
Numa tarde da Primavera que findava, passando pela calçada do Parque Arruda Câmara, a Bica, como popularmente chamam o nosso ...
Poema de uma palavra
Foi um tempo quando caminhava por suas alamedas, contemplativo, sentava à sombra dos ipês amarelos e roxos, o espírito flutuava por sua paisagem enquanto o poema era resumido na escrita deixada no tronco da árvore onde desenhei a letra. Uma letra sintetizando a emoção de que um dia alguém lesse a mensagem do poeta desconhecido, deslumbrado com a beleza do rosto feminino na paisagem da imaginação.
“O que alguém não teria conseguido executar justo com essa força que é necessária para desatar os fortes e potentes laços da vida”. O poet...
Abrindo a mente para o sofrimento
No sábado 19 de janeiro de 1924, a primeira página do jornal “A União - Orgao do Partido Republicano da Parahyba do Norte” trazia uma maté...
Um livro feito por encomenda e que resiste ao tempo
Faz algum tempo uma minoria ruidosa de poetas resolveu decretar que poemas não d...
Haikais aforismáticos
Pompei Revisito o silêncio das trevas. Sonhos adormecidos, desfeitos por gestos que precedem a consciência. Sigo nos séculos,...
O silêncio das trevas
Revisito o silêncio das trevas. Sonhos adormecidos, desfeitos por gestos que precedem a consciência. Sigo nos séculos, interrompido no ventre da mãe. Restos calcinados, dispersos, estremados, entrecortados pelo espanto. O céu sabe das cinzas. Sempre soube... E aproveitou-se da inocência dos que não me conheceram para dizer que me negaram a existência
Para economizar o dinheiro do transporte, caminhava até a escola após o almoço — o sol do Equador tostando a pele jovem. No fim do mês, c...
Freddie
No ano de 2012, fui a um encontro de Clássicas, em Ascea Marina, um balneário de Salerno, no mar Tirreno. Depois de passar um dia em Pompe...
Uma visita ao Museu de Nápoles
Profundo mergulho Profundo mergulho no sem medida do tempo, no limite oco do espaço. Borbulhas ? Sopro ? Bocejo ? Dentes...
O Amor é cor de rosa
Profundo mergulho no sem medida do tempo, no limite oco do espaço. Borbulhas ? Sopro ? Bocejo ? Dentes à mostra ? - Suspiro … Línguas que buscam a sinfonia muda do silêncio Palavras se escrevem onde não existe nem tela
A compreensão filosófica e científica da palavra Revelação apresenta sentido distinto da religiosa, e, em consequência, os métodos de inv...
Revelação
Para os filósofos, revelação é a “manifestação da verdade ou da realidade suprema aos homens”, o que não deixa de ser algo inatingível, uma vez que, à medida que o homem progride, ampliam-se os horizontes do seu conhecimento. A Ciência compreende revelação como a descoberta e o entendimento das leis que regem a Natureza, ou, ainda, a invenção de algo que favoreça o progresso humano.
Um colega se refugiou num sítio. Deixou o asfalto para viver em contato mais próximo com a natureza. Ou seja, ser fiel à vocação ecológic...
Fugindo do estresse
Especializei-me em poemas longos. Alguns são “tratados poético-filosóficos”, tipo VIDA ABERTA, que foi finalista de poesia do último Jabu...
Marco do Mundo
Presidente Bolsonaro, alguns amigos são absolutamente desnecessários porque só nos dão prejuízos. Sua equipe econômica está fazendo isso c...
Faça isso não, capitão
Noves fora a péssima imagem que o parcelamento do pagamento dos precatórios deixará na imagem do Brasil junto aos investidores, o prejuízo econômico à nação será avassalador.
“Pílulas de Vida do Dr. Ross fazem bem ao fígado de todos nós”. Quem, entre os mais adentrados, não ouvia isso o tempo inteiro no rádio d...
No tempo do Dr. Ross
O Dr. Ross dos anúncios impressos e cantados por vozes masculinas e femininas nos aparelhos do tipo bunda quente (alusão às válvulas incandescentes que existiam antes da invenção dos transistores), foi o farmacêutico Sydney Ross dono do laboratório americano que desenvolveu esse medicamento por volta de 1890, ao que se conta.
Para que servia? Pois bem, para males que iam da prisão de ventre ao intestino frouxo, passando pelo sangue impuro. Com raízes e extratos vegetais na sua composição, as pílulas, de cor rosa, eram apresentadas em propaganda de 1940 como “o remédio que corrige mais erros do que qualquer outra descoberta da ciência moderna”. Servia, até contra divórcio, se a encrenca entre marido e mulher decorresse apenas do mal humor acarretado pela digestão difícil, como neste anúncio se pode ver.
As notas do jingle das Pílulas de Vida, de tão populares, serviram para musicar o deboche de Alvarenga e Ranchinho à campanha política de Plínio Salgado, nos idos de 1955. “Plínio Salgado quando abre a voz faz mal ao fígado de todos nós”, cantava aquela que por muito tempo foi a dupla caipira mais famosa do País.
Fossem tão antenados quanto seus ancestrais, os caipiras modernos (hoje, eles preferem o termo “sertanejo”, as guitarras e os chapéus de cowboy) teriam em muitas expressões da política atual motivos para a zombaria de norte a sul. E, assim, prestariam um enorme serviço à Nação.
Mas, em plena madrugada, ocorre-me perguntar por que diabo fui eu lembrar do Dr. Ross. Deve ser por causa da pandemia, essa coisa brutal que nos obriga à reclusão. O isolamento, de fato, inverte o metabolismo, tira o sono de quem precisa dormir e faz o pensamento voar ao destino invariável: o passado. Nunca tive tanta saudade dos meus verdes anos. Agora mesmo, sinto falta até do óleo de fígado de bacalhau.