O restaurante situava-se estrategicamente em um terreno inclinado, exatamente “uma ladeira”, tendo seu estacionamento em sentido perpendic...
Indiferença
Neste ultimo fim de semana, andei retomando algumas leituras, no caso, Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza), um autor capaz de traze...
Parentes lá para trás
As folhas das castanholas formam um tapete de cor terral quebradiço pela calçada, pela grama. Caem no final do inverno como um outono às a...
Aleatoriedades
Olhando os guajirus que despontam em floração na manhã umedecida, sentei-me a contemplar com imensa gratidão o raiar do novo ...
O filhote da semente
Um dos melhores seriados disponíveis no streaming, hoje, é um longo documentário — seus oito episódios somam mais de cinco horas de info...
O ano em que a música mudou tudo
A era moderna da filosofia começou com Descartes, o homem que duvidou de tudo e reduziu nosso conhecimento a uma certeza principal: Cogito...
O que veio depois de Descartes
Depois disso, os empiristas ingleses (Locke, Berkeley e Hume) envolveram-se em processo um tanto destrutivo e arriscado, afirmando que o conhecimento humano
Não há dia melhor para uma faxina do que a Quarta-feira de Cinzas. Em uma delas, acordei com essa disposição. Curar Ressaca? Não briquei c...
Um vestido do Afeganistão
No princípio era o verbo, mas o que era mesmo esse verbo? Signo, carne, luz? Dependendo da resposta que cada um venha a dar, tem-se um mís...
A palavra e o palavrão
Sobral Pinto – Heráclito Fontoura Sobral Pinto - foi um dos heróis brasileiros do século XX. Uma das unanimidades nacionais, um dos orgulh...
Sobral Pinto
“Quando a notícia da morte de Jurandy Moura chegou à redação do jornal, seu corpo já estava estendido na lousa como pássaro sem vida“. ...
Pássaro estendido na lousa
Eu ia escrever um texto para dizer que falhei esta semana, que falei mais do que devia, que não me dei conta de que uns amados estão mais ...
A hora de reconhecer um erro
Eu ia fazer um texto cheio de imagens literárias que espelhavam meu esforço incessante para manter a minha paz de espírito; o combate ao sentimento de perda e ansiedade que ameaça a mim e a todos nós; a luta diária contra a vaga sensação de tristeza e algum medo que esses tempos infiltram na gente.
Apesar da cidade estar sempre em efervescência, os moradores daquela rua são pessoas que já estão colhendo os frutos de suas lavouras do v...
Pão velho
A moradora de rua, daquele bairro, é uma senhora que gasta seu tempo observando o movimento das casas.
Na casa azul, todos os dias, filhos e netos chegam para o café da tarde.
O menino se chamava Bem-te-vi e só estivera na escola ano e meio, depois não foi mais. Também a mãe não fazia questão, preferia que ficass...
A história de Zeca Rico
Em certa época do ano os barcos regressavam vazios, e não tinha lanço porque a tainha não vinha e também quase não havia ninguém para atravessar o rio. No entanto, ainda havia os jangadeiros que saíam pela madrugada.
Bem-te-vi avistou as jangadas chegando, correu para ajudar com os cepos e empurrar a embarcação para terra firme. Semana boa não precisava ir longe,
É exclusivo do homem, de sua composição, que o espírito, a alma, seja que nome tenha, disponha de um corpo, transmigre com ele em format...
Ser bom não lhe pesava
VOCÊ ESTÁ ESCREVENDO UM ROMANCE – AQUI “A BATALHA DE OLIVEIROS” (com que peguei o Prêmio INL - Instituto Nacional do Livro, 1988) – QUAN...
Tudo se repete
Charles Rhoades Senior se descobre com insuficiência renal grave e precisa de um transplante urgente, se quiser continuar vivendo. O probl...
O Clássico: lição para a vida
“O tempo do movimento” é um projeto concebido pelo artista visual paraibano João Lobo. Desenvolvido ao longo de três anos de dedicação ini...
João Lobo e os pilares da criação
Para se ter uma ideia da grande sacada desse paraibano que coleciona prêmios nacionais e internacionais, a câmera de alta resolução foi colocada na frente da locomotiva “com o obturador aberto, e em todo o percurso ela faz uma só foto, um filme congelado numa única imagem”. A revelação de João Lobo queimou meu HD de imediato, porque não entendo nada desse negócio de jogar pedra na lua, e acertar. Arrastando os vagões de sua imaginação irrequieta e criadora, Lobo promete para breve a concretização da segunda etapa da obra, aquilo que ele chama de intervenção pública. Trata-se de um painel de 50 metros de comprimento por 5 de altura, ao longo de um viaduto de Lisboa. “Nesse painel eu inverto o processo cinematográfico”, explica João. Em outras palavras, ele quis dizer que a imagem é quem contempla o espectador. O cidadão vem no seu carro em movimento e, à medida em que avança, a imagem estática se reveste de ânimo, se movimenta.
No cinema, são necessários 24 quadros por segundo para se criar a ilusão do movimento. No caso do painel, o espectador a bordo do seu automóvel em velocidade é que faz o papel dos fotogramas. Enquanto o observador se desloca para a frente, as fotografias do conjunto do painel provocam neste a ilusão do movimento. A impressão que se tem a seguir é de que há uma pessoa andando ao pé de um muro. Pois bem, essas fotos têm as digitais da pata do Lobo. A originalidade de tal criação desponta como nitroglicerina pura e cria uma expectativa nos meios artísticos, sobretudo dos patrocinadores. Isso naturalmente fritaria os neurônios dos irmãos Lumière, pioneiros do cinema, que conceberam a primeira projeção comercial da história, em Paris, com o célebre filme mostrando a chegada de um trem à estação.
Em entrevista concedida recentemente a Abelardo Jurema Filho, da TV Master, João Lobo detalhou alguns aspectos de sua vida como artista visual em Lisboa e a receptividade por parte do público daquele país à sua produção, como ocorreu em relação à recente exposição “Do outro lado”, reunindo fotógrafos de várias nacionalidades. João demonstra uma inquietude típica dos grandes criadores, de caras que desenvolvem ideias mirabolantes e vez em quando convence algum produtor igualmente maluco que o financia e faz a maluquice se tornar realidade. Isso aconteceu em 2019, em Brejo do Cruz, com uma mostra de fotografias do seu acervo projetadas diretamente na Pedra da Turmalina, uma formação granítica de 300 metros de altura e a mais de um quilômetro e meio de distância da cidade.
Nessa noite teve de tudo na terra do saudoso advogado Avany Maia, pai do artista, que não chegou a ver o filho João dinamitando a cidade. A primeira atração do performático João Lobo foi uma explosão mecânica seguida da aparição de Nossa Senhora, a padroeira da cidade projetada no paredão de pedra, cartão postal da cidade. Na torre da matriz os sinos tocavam e as fotografias uma a uma iam se refletindo em tamanho gigantesco na superfície do rochedo, enquanto a população levitava ouvindo os solos dilacerantes da guitarra de Alex Madureira. Depois veio o tsunami musical da Orquestra Sinfônica da Paraíba sob a varinha de bruxo que os deuses colocaram na mão do maestro Luiz Carlos Durier. Uma verdadeira apoteose. Há quem afirme ter escutado tiros de canhões, como na Abertura 1812 , de Tchaikovsky, mas foi o efeito de um baseado. Nessa noite só faltou chover. O senhor Barão, prefeito da cidade à época, ia pedir mais esse favorzinho a João Lobo, e acabou esquecendo.
“Os fotógrafos dizem que não sou fotógrafo, os cineastas dizem que eu não sou cineasta, e os artistas plásticos dizem que eu não sou artista plástico. O meu trabalho não tem uma personalidade e isso me agrada de certo modo, porque eu não estou preso a nenhuma escola, a nenhum tipo de segmento artístico. A minha produção é livre, espontânea, e diante disso eu procuro renovar e inovar a linguagem tanto da fotografia, como do cinema e das artes visuais como um todo”. A afirmação de João Lobo é para ser escrita no bronze, no granito, pois ela demonstra a dignificação da arte em todos os seus aspectos, sobretudo no tocante aos estatutos da originalidade, da independência e da sua capacidade de transgredir, de renovar, de ser universal. Cometer arte, na lente objetiva do filho de dona Jandira, é não ser candidato a nada, nem a vereador, não ficar refém de nenhum cânone estético, seja na forma, seja no fundo. Assim deve se portar o artista, livre dessas amarras, para poder subverter a ordem e renovar, desafinar o coro dos contentes e ser gauche na vida, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Naquela manhã de setembro de 2018, nos gloriosos dias pré-covid 19, verão em Lisboa, a cidade abarrotada de turistas, encontrei João Lobo flanando pelo calçadão às margens do Tejo. Ele pisava sobre as enormes letras dos versos de Fernando Pessoa. “O Tejo não é maior que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia”. Dali entramos no Mosteiro dos Jerônimos, e eu levei uma facada e um tiro de doze quando me deparei com o túmulo de Luiz Vaz de Camões. Fiquei emocionado. E ali, entre as colunatas e os arcos daquele belíssimo exemplar da arquitetura manuelina, aos pés do mausoléu seiscentista, João se meteu a declamar um soneto do autor de Os Lusíadas. Quando já ia no segundo quarteto, uma senhora se aproximou, pedindo silêncio. Camões não deve ter gostado da interrupção. Nem eu. Rap*riga.
Texto escrito por Sérgio de Castro Pinto e Joaquim Inácio Brito O adágio “Quem canta os seus males espanta” já diz bem da função terap...
Sopros musicais do coração (médicos-compositores)
Brincadeiras à parte, o certo é que a música serve de antídoto e de anestésico para neutralizar os males decorrentes, sobretudo, do amor. Do amor traído, bandido,
Este é um momento em que devemos ter fome da verdade. Para isso é necessário nos blindarmos contra a técnica utilizada pela grande mídia o...
Precisamos ter fome da verdade
Em minha visão particular, diria que Carlos era o exemplo de um homem feliz. Soube amar e ser amado. Além de nortear a existência por princ...
O cronista de Deus e da Natureza
Do alto do tempo olho o mundo, imenso mundo de universos desdobrado em universos. O mundo é globalizado mas o longe ainda é longe. Meu T...
Uma vovó amiga te espera
Meu Théo, de 13 anos, de malas prontas para ganhar o palco do mundo começando por si mesmo. Um pai, hoje de altura quase igual, ensinando a fazer barba, a dar nó na gravata. A mãe organizando a mudança em malinhas de mão e malões para várias estações.
Do livro a ser lançado sobre nossa juventude, extraí esse momento. Tratando dos jogos da primavera conto o mais incrível dia do esporte da...
Finalmente a confirmação
Sempre que o time ia a campo as torcidas de todas as escolas se uniam num grito só:" - Bota Campina, bota Campina". Porém o destino tecendo as trapaças da sorte fez com que na partida final o Getúlio Vargas enfrentasse o colégio Lins de Vasconcelos, franco favorito. Naquela noite a multidão rugia:"- Bota Campina". E deu-se que faltando um minuto para acabar o jogo (que estava empatado) todos os titulares já haviam sido expulsos e substituídos pelos reservas.
Um tributo a Walt Whitman e Vaughan Williams “O mar é para mim um milagre sem fim: os peixes nadando, as pedras, o movimento das onda...
A Sinfonia do Mar
Perdón quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a...
Sempre existe um oásis
quando procuro teu perdão estou procurando um indulto para sandices e tolices que se agarram nos cabelos do mar mas a maresia corrói outros medos e as raízes de teus cabelos, mais profundas: não vem e vão, como as ondas do bessa : se mantêm firmes