Cansei de ser uma gota d'agua no oceano, ou uma gota d’água no ferro incandescente, como dizem os alemães.
Decidi, como diz o povo, dar no pé. E com sebo nas canelas.
Recolhi a régua e o compasso, contrariando Gilberto. Nem pregarei no deserto, segundo uma ficção religiosa.
Abandonei o samba de uma nota só de Tom e deixei de ser a solitária andorinha que não faz verão.
Vou seguir o meu, se ainda tiver com meus setentinhas, e sigam os seus destinos.
Como videntes, cegos, sábios, ignorantes, obtusos, oportunistas, autossuficientes, prepotentes, racionais, inteligentes, hipócritas, canalhas, isso mesmo, muitíssimo canalhas, essa é a minha vergonhosa raça, a raça humana, os civilizados, a evolução dos primatas.
Evolução? O ser humano? Perguntem a opinião dos animais, dos rios, das florestas e dos índios.
Na realidade nós transformamos os primatas que éramos em primitivos que somos.
Sejam felizes do seu jeito. Seguramente não será do meu.
Joguei fora a chave do cadeado em que me prendi e reforcei a tranca com um nó cego.
A minha lembrança será a única forma de vocês saberem da minha existência.
Não, não, não vou me suicidar, o povo brasileiro já fez isso por mim. Com a resignação e agradecimento do prego pela permanente pancada do martelo.
PS. Até o leão aprender a escrever, a história exaltará a versão do caçador.
(provérbio africano)
(provérbio africano)
Alexandre Machado é médico e professor