Título: A ARTE DE DRIBLAR DESTINOS Autor Celso Costa

Dica de leitura: A arte de driblar destinos

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Título: A ARTE DE DRIBLAR DESTINOS
Autor Celso Costa

Sobre a obra

O segundo romance de Celso Costa, A arte de driblar destinos, nos leva ao sertão paranaense dos anos 1960, onde um menino narrador e sua família erram de cidade em cidade em busca de melhores condições de vida. A obra se estrutura como um mosaico de memórias, evocando um passado nem sempre idealizado, mas cheio de nuances e contradições.

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Embora o romance dialogue com a tradição da literatura regionalista brasileira, a perspectiva adotada por Costa distancia-se do tom saudosista que muitas vezes acompanha narrativas sobre o interior. Aqui, o passado não é um lugar de refúgio, mas um espaço de luta. O protagonista divide o tempo entre os estudos e o trabalho árduo nas lavouras, experiência que o próprio autor viveu na infância. A dureza da sobrevivência no campo se impõe sobre a narrativa, mas sem obscurecer a dimensão poética e afetiva da infância.

O livro impressiona pelo equilíbrio entre o rigor matemático e a oralidade, refletindo a formação de Costa como matemático e seu talento para a prosa. A matemática aparece como um refúgio para o menino protagonista, mas sem entrar em conflito com os saberes tradicionais, como os benzimentos e as crenças populares. Essa convivência entre ciência e tradição é um dos aspectos mais ricos do romance, que não se entrega a dicotomias fáceis.

Ao inserir sua obra na tradição de grandes autores da literatura interiorana, como Otto Lara Resende e Itamar Vieira Junior, Costa demonstra habilidade na construção de personagens memoráveis. Figuras como Zé Branco, avó Lina,
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Celso Costa Acervo da autora
Martinha e o médico Marfan enriquecem a narrativa com suas histórias e desafios, criando uma fauna humana que permanecerá no imaginário do leitor.

Mas talvez o maior mérito do livro esteja na forma como questiona a noção de mérito em uma sociedade de oportunidades desiguais. Como estudar se quase não há escolas? Como crescer se as crianças são obrigadas a trabalhar? Como sonhar com um futuro melhor quando o presente exige esforço contínuo para sobreviver? Costa não oferece respostas fáceis, mas constrói uma narrativa que nos obriga a refletir sobre as barreiras que a desigualdade impõe ao destino de tantas pessoas.

As luzes da ficção nacional se voltam para o interior, e A arte de driblar destinos se destaca nesse movimento por sua riqueza formal e pela profundidade de seu olhar sobre o Brasil profundo. É um livro que prende e marca, como uma conversa ao pé do fogo cujas histórias ficam ressoando na memória muito depois de a última página ter sido virada.
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