Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha buscaDom Quixote de La Mancha (Miguel de Cevantes)
Não tenho a presunção de colocar a humanidade em uma peneira que tivesse a primazia de classificar homens e mulheres segundo meus próprios critérios para depois seperá-los, colocando de um lado os que têm as virtudes
que julgo admiráveis e no outro aqueles que não as têm.
Mesmo assim, confesso que não consigo esconder dentre aqueles que separei num cantinho especial, minha admiração por algumas criaturas: as que não desistem de sonhar.
Como as admiro! Elas persistem mesmo quando as forças se esvaem. Sofrem a angústia implacável, mas abraçam suas quimeras com a força de um urso enfurecido. São capazes de enfrentar o inimigo que todos julgam invencível e pisar o solo onde até os bravos têm medo de pisar.
Meus amigos, minhas amigas, não é fácil perseguir um sonho para se tentar alcançar a estrela que o senso comum pensa ser inatingível. Daí o meu apreço por essa gente. Gente que sonha.
Pois desta vez minha pena vai percorrer estas “mal traçadas linhas” para discorrer do que à princípio seria uma utopia, mas foi um devaneio que ousou chegar até àquela estrela de que falei linhas acima. E que sonho seria esse? Que devaneio faria eu usar de meus parcos recursos de escrita para vir aqui rabiscar essas considerações?
Bem, eu começaria dizendo que o início de tudo foi o amor por essa cidade que no próximo 5 de agosto irá completar 440 anos.
Se pensam que essa profusão de afeto vem deste escrevinador aqui, lamento dizer que estão enganados. Ainda que minha paixão por essa nossa capital das acácias seja pública e notória, a que está em pauta encontra-se pelo menos uma légua adiante da minha.
Então, vamos lá saber de onde vêm esses arroubos. Quem teria sonhado o sonho impossível e enfrentado o inimigo invencível?
São dois e não um só os visionários que resolveram sonhar o sonho que muitos julgavam impossível: publicar de forma inusitada a história de nossa cidade. Um é historiador e o outro, livreiro. Ao primeiro coube a pesquisa rigorosa, consultando velhos alfarrábios, documentos e às vezes mesmo, puxando por sua prodigiosa memória. O segundo, o livreiro, resolveu às suas custas ediitar e puplicar essa história. Não simplesmente publicar, mas dando cores e vida à essa publicação, pois teve a brilhante idéia de fazê-la em quadrinhos.
Trazer a história desse nosso cantinho nesse mundão de Deus de forma lúdica, com leitura fácil e ilutrações primorosas, torna-se mais do que uma homenagem à nossa cidade, mas uma forma de prezervarmos nossas raízes e tradições. Já disseram, não sei onde que “um povo sem tradição é como um violinista no telhado”. E é mesmo.
Então, fruto da lavra e ousadia dessas criaturas, o historiador e professor José Octávio de Arruda Mello e o livreiro Ricardo Emmanuel Pinheiro
virá ao mundo nesse 30 de janeiro JOÃO PESSOA - Uma cidade em quadrinhos. As ilustrações são de Edgleidson Guedes de França e a diagramação ficou por conta de Martinho Sampaio.
Poucos seriam capazes de acreditar num projeto dessa magnitude. Os custos e todas as dificuldades que deles advêm desanimariam qualquer iniciativa. Mas exatamente aí está a tênue linha que separa o homem comum daquele que persegue seus sonhos. José Octávio e Ricardo foram em frente, driblaram obstáculos e fizeram vista grossa aos que duvidavam do sucesso dessa empreitada. E qual o presente que nos trazem?
A mais bela e completa história de nossa João Pessoa até hoje publicada e que é mais do que um livro em quadrinhos, é um chamamento, é um despertar e por quê? Não há como ser diferente. Finda a leitura dessas páginas, certamente dirão com orgulho: Essa é que é a minha cidade!
Ricardo Pinheiro
José Octávio de Arruda Mello
Aos meus leitores fica o convite: MAG Shoping, 30 de janeiro (quinta-feira), Livria do Luiz, venha abraçar um belo retrato de onde o Sol nasce primeiro e a esperança nunca dorme.
