A primeira vez que ouvi falar sobre o Apocalipse, o mundo para mim era pequeno demais, resumia-se apenas ao quintal da casa dos meus pa...

Apocalipse

apocalipse juizo final
A primeira vez que ouvi falar sobre o Apocalipse, o mundo para mim era pequeno demais, resumia-se apenas ao quintal da casa dos meus pais. Pessoas morrendo, o planeta aquecendo, prédios desabando, tornados, ciclones, doenças, fome, nada disso cabia no meu universo infantil.

Foi quando me apresentaram na Bíblia o livro Apocalipse. Confesso que a leitura, as palavras, as imagens me chocaram demais. O mundo em chamas, pessoas e animais morrendo,
apocalipse juizo final
Pieter Bruegel, 1564
florestas em fogo, muito fogo. O tema não era nada agradável, mas de alguma forma tudo aquilo me despertou curiosidade. O que até então não me apetecia, passou-me gerar interesse. Quando o Apocalipse irá acontecer? Será mesmo que o mundo terá fim? Todos nós morreremos? Quem de nós será salvo? Para onde iremos?

Os anos passaram-se, cresci, aprendi muitas coisas, ouvi muitas previsões: Nostradamus, o Bug do milênio, o Juízo Final, etc. Na verdade, as profecias nunca cessaram, sempre há alguém prevendo o fim do mundo. Talvez seja a inquietude humana de querer ter uma explicação para tudo.

Não duvido de que haja um fim, ao menos uma mudança, mutação. Tudo na vida tem um ciclo, começo, meio e fim. A própria Bíblia descreve os sinais que antecederão o Apocalipse: pai contra filho, filho contra pai, nação contra nação, guerra, fome, etc. Mas o mesmo livro fala em evitar preocupações excessivas com o futuro:

”... Não se inquietes com o dia do amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo”.
Mateus 6:34
apocalipse juizo final
Pieter Bruegel, 1565
Se haverá o Apocalipse certamente no futuro saberemos, mas antes que aconteça, por que não nos preocupamos com o hoje, conosco, com os outros? Não somos todos irmãos? Por que não damos as mãos? Por que não deixamos de lado o ego, a ganância um pouco? Por que não somos mais caridosos, mais leais, menos falsos? Por que não somos mais solícitos, prestativos? Por que não deixamos de ser preconceituosos? Por que sejamos mais empáticos? Por que não deixamos de ser hipócritas e sejamos mais sinceros? Por que mentimos tanto? Por que matamos? Por que não nos amamos? Por que não deixamos de lado a religiosidade e colocamos em prática o grande ensinamento
apocalipse juizo final
Pieter Bruegel, 1559
deixado por Cristo, ame o próximo como a ti mesmo? Não seria este o sentido da vida?

Por que temos saber quando a terra nasceu, quando foi que a vida aconteceu, quando tempo ainda o sol irá brilhar? Por que precisamos saber se um dia vamos ser mais velozes que a luz ou se conseguirão clonar um coração? Será que precisamos provar o que não precisa ser provado?

Até o Apocalipse chegar, temos tantas coisas erradas aqui para nos preocupar. Problemas que o próprio ser humano criou e que ninguém se importa em resolvê-los.

Enquanto não sabemos o dia, por que não mudamos nossa postura? Neste universo grande e enigmático, por que não assumimos a condição de insignificantes que somos? Por que não vivemos com sabedoria até o Apocalipse chegar?

Que o ser humano aprenda que esse universo é uma nação, que eu sou parte de você, o que você faz por mim, na verdade faz por você, faz por todos nós.

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