Em 02 de maio de 1997, falecia Paulo freire. A obra PEDAGOGIA DA INDIGNAÇÃO traz os últimos escritos de Paulo Freire organizados após a sua morte pela sua viúva e pedagoga Nita Freire.
Uma das cartas, e que dá a tônica ao título do livro, trata da indignação de Paulo Freire diante do assassinato do líder indígena Pataxó Galdino de Jesus, morto após ser incendiado enquanto dormia numa parada de ônibus em Brasília, por jovens de classe média alta, no dia 19.04.1997.
Algumas semanas depois, em início de maio, Paulo Freire morria, mas nos legou ainda esses escritos. A indignação é um sentimento que só é possível se o ser humano consegue vivenciar o mundo dentro de limites éticos e de alteridade.
Ainda Paulo Freire trata em uma de suas cartas da necessidade de se colocar limites em crianças, nas suas vontades, dentro de uma medida equilibrada, obviamente, que não descambe também para o autoritarismo castrador, mas que não crie para o futuro seres humanos sem limites éticos, verdadeiros ditadores, déspotas quando nos espaços públicos.
O dizer "Não", o ensinar a ter respeito aos outros, isso faz parte da formação do indivíduo e é responsabilidade dos pais. Nesse mesmo sentido vemos muitas vezes pronunciamentos do filósofo Cortella.
Logo, essa falta de limite na educação de crianças, que as transformam em pessoas ditadoras quando têm acesso à coisa pública, está na mesma raiz da criação daqueles que na falta de limites éticos e empatia com o próximo são capazes de incendiar pessoas em paradas de ônibus por pura diversão.