Os montes curvos, em suas cabeças de pedra talhadas pela sucessão dos séculos. Em suas solidões demarcam temporalidade de que ninguém...

Mistério dos montes

dez madamentos moises montanhas
Os montes curvos, em suas cabeças de pedra talhadas pela sucessão dos séculos. Em suas solidões demarcam temporalidade de que ninguém tem conhecimento. Desafiadores em seus sepulcrais aspectos, mudos e surdos, quais esfinges esculturadas pela natureza. Em seus aspectos e formosuras não veem nem escutam, totalmente pétreos e paralisados, deitados para sempre, a descansarem dos tormentos da obra esculpida pelos transtornos da evolução, em desmoronamentos e reconstruções fenomenais.

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Spenser Sembrat
Eles nos atormentam ousados em suas posições imutáveis, alguns coroados de verde ou revestidos de manto vegetal. Parecem aos iconoclastas sejam ídolos que se colocam à distância e se comprazem em absorver os uivos dos louvores dos ventos. Ou a serem iluminados pela tocha do sol, num ritual de cada dia, ao amanhecer e ao entardecer. Nas noites desnudas ou revestidas pelo piscar das estrelas ou da macia luminosidade da lua se aquietam ou se escondem, deixando apenas a silhueta que faz mexer na imaginação de quem ousa contemplá-los.

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Pawel Nolbert
Seus recortes sombrios se imiscuem na densidade da escuridão noturna e os tornam fantasmagóricos a causar em quem os contempla a sensação de medo, de mistério, de mitológica sensação. Não é à toa que os montes figuram como fortes simbolismos dentro do contexto religioso dos povos. O Mistério se refugia nas alturas e deve ser inacessível aos pobres mortais. Moisés, a grande figura do Antigo ou Primeiro Testamento sobe o Monte Sinai para, naquela solidão e naquele gesto de fé, receber os ditames legais do Deus de Abraão, Isaac e Jacó: legado cultural que atravessou séculos e continua em plena vigência, dentro da visão do legalismo teocrático, código sagrado que conseguiu se alinhar no Povo Hebreu e tornar-se de um universalismo ímpar.

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Jean-Léon Gérôme
Hoje, os Dez Mandamentos continuam a conduzir as gerações de raízes judaico-cristãs. Foi num Monte, já nos alicerces do Cristianismo, os montes são figurativos e centralizadores da enunciação dos postulados da sabedoria de Jesus de Nazaré para proferir as suas mensagens: o Sermão da Montanha, onde a Palavra colhida pela tradição e consubstanciada no Novo ou Segundo Testamento é de uma riqueza e pluralidade inesgotável pela sabedoria superlativa, que demarca lição de amor espalhada qual bálsamo por todo o mundo. Os montes são tidos e havidos como colossos circunspectos, verdadeiros recantos, quando acessíveis, para que sejam postas em prática atividades as mais importantes, segundo cada contexto humano a ser demonstrado como catalisadores de atenção e convergência.

O desafio dos montes e montanhas leva aventureiros alpinistas a alçarem suas coragens em busca do desconhecido, procurando desvendar o segredo secular dos blocos de pedra que se fincam sem explicação na paisagem. Para sempre sisudos.

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