Já há algum tempo decidi não escrever sobre política aqui no Facebook. Foi uma opção consciente. Meus textos políticos tinham bastante...

Cansei das brigas tolas

#escrivaninha #aconchego #polarizacao
Já há algum tempo decidi não escrever sobre política aqui no Facebook. Foi uma opção consciente. Meus textos políticos tinham bastante repercussão e engajamento. Naturalmente, alguns se serviam deles, contra a minha vontade, para alimentar a polarização — o que é sempre desagradável.

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O. Pergel
Nunca tive ídolos políticos. Fazer críticas a governantes sempre me pareceu natural. Eu as fazia quando achava necessário e as enderecei a todos os últimos governos brasileiros, sem exceção. Considero um exercício de discernimento.

Busquei em todas essas críticas o equilíbrio que acredito fundamental. Sem exageros, buscando fazer observações justas. Nada de palavrões (que num texto político soam apenas como falta de um argumento decente), nada de falsas notícias, nada de berrar pelo fim das instituições que constituem os pilares da democracia, embora a todas elas fizesse críticas quando julgava adequado e apontasse a necessidade de seu aprimoramento. É o papel do cidadão, avalio.

Bem antes de "O Dilema das Redes" ser lançado, já estava consciente do poder dos algoritmos na construção de bolhas nas redes sociais. E quis escapar desse visgo.

Em meu eterno observar dos movimentos humanos, notei que milhares de pessoas chegavam ao meu perfil sedentas por alguém que lhes desse razão contra aqueles que consideravam
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"inimigos" políticos. Quando mudou o governo e as críticas continuaram, essas pessoas descobriram que eu falava sério ao anunciar meu ateísmo político e que a nenhum governante dou carta branca ou finjo ignorar seus inegáveis equívocos.

Vários amigos queridos sumiram, magoados por ter eu ousado discordar deles.

Isso não me perturbou em momento algum. Popularidade é algo enganoso - um dia é domingo de Ramos e no outro você está pendurado numa cruz, bebendo vinagre.

Eu fiquei em paz comigo. Não mudei de opinião. Apliquei as mesmíssimas regras a todos os governantes e demais autoridades.

Entretanto, aos poucos fui sentindo uma certa exaustão à medida que a agressividade crescia. Cansei das brigas tolas, das acusações sem fundamento,
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D. Aksoy
dos ódios desnecessários, dos raciocínios magros. Queria enxergar algo mais bonito e refinado nas pessoas que frequentavam a minha página.

Foi assim que fiz minha opção pela arte — que sempre pautou a minha vida. Aos poucos tudo mudou. Poemas, pinturas, histórias inspiradoras mantiveram aqui os que se afinizavam com esses assuntos e atraíram os que amam a grandeza que o espírito humano produz.

E me senti confortável, realizada. Sou uma escritora. Terminei agora um livro de contos, a tradução de um livro lindíssimo e estou no meio de um romance.

O que quero nesta rede social não é convencer os outros de que tenho razão. O que desejo aqui é compartilhar algo que desperte uma reflexão ou um sorriso em alguém, a milhares de quilômetros. Como um beijo que viaja pelo ar e pousa em rostos distantes.

É isso que os artistas fazem, não? Reúnem umas tintas, umas partituras e umas palavras, misturam tudo na imaginação e criam um mundinho, que viaja no tempo, atravessa distâncias e supera até a barreira da morte.

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